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Há mais de um ano na clandestinidade, María Corina não receberá Nobel da Paz pessoalmente

Kristian Berg Harpviken, diretor do Instituto Nobel da Noruega, afirmou que a líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, não vai comparecer à cerimônia em que receberia o prêmio da paz em Oslo nesta quarta-feira, 10. Ele acrescentou que não sabia onde a laureada estava.

Machado, 58 anos, vive há mais de um ano na clandestinidade, desde que o ditador Nicolás Maduro foi declarado reeleito no pleito do ano passado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), instituição tomada pelo chavismo. Seu paradeiro atual é desconhecido. Os resultados foram questionados mundialmente, em meio a acusações de fraude. A opositora, proibida de deixar a Venezuela há dez anos, teve a candidatura barrada por uma manobra do Judiciário e nomeou o diplomata Edmundo González Urrutia como seu sucessor (ele, por sua vez, hoje vive exilado em Madri).

Ela deveria receber o Nobel da Paz na capital norueguesa às 13h locais (9h em Brasília), em evento que contaria com a presença da família real norueguesa, bem como de líderes latino-americanos, incluindo o presidente argentino, Javier Milei, e o chefe de Estado do Equador, Daniel Noboa.

“Infelizmente, ela não está na Noruega e não estará no palco da Câmara Municipal de Oslo às 13h, quando a cerimônia começar”, disse Harpviken à emissora pública norueguesa NRK. Questionado sobre seu paradeiro, ele respondeu: “Não sei”.

Harpviken acrescentou que a celebração ainda vai acontecer e que a filha da opositora, Ana Corina Sosa, receberá o prêmio em seu nome.

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Machado foi vista em público pela última vez em 9 de janeiro, quando foi detida brevemente após ter aparecido com apoiadores em um protesto na capital venezuelana, Caracas, um dia antes de Maduro tomar posse para o seu terceiro mandato consecutivo de seis anos. A coletiva de imprensa onde ela deveria estar presente na terça-feira também foi cancelada após atrasar várias horas.

Reconhecimento da luta pela democracia

O Comitê Nobel Norueguês laureou Machado em outubro por “manter acesa a chama da democracia no meio de uma crescente escuridão” e pelo “seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela”. Na época, a venezuelana disse que a homenagem era uma “conquista de toda uma sociedade”.

A decisão do comitê, porém, tornou-se alvo de críticas devido ao apoio de Machado à pressão militar do governo Donald Trump no Caribe, bem como sua defesa do uso da força para derrubar a ditadura. “Não se pode ter paz sem liberdade, e não se pode ter liberdade sem força”, disse ela à rádio NPR um dia depois de receber o prêmio, em 10 de outubro.

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Ela também tem sido inabalável no respaldo aos bombardeios americanos contra embarcações no Mar do Caribe que o Pentágono diz estarem ligadas ao narcotráfico e já mataram ao menos 87 pessoas (muitos juristas enxergam as ações como execuções extrajudiciais que violam o direito internacional). A Casa Branca justifica suas ações na região como uma tentativa de conter o tráfico de substâncias ilícitas que matam mais de 80 mil americanos por ano com overdoses, mas a ditadura afirma que isso é cortina de fumaça para provocar uma mudança de regime. O presidente dos Estados Unidos disse na terça-feira 9 que os “dias de Maduro estão contados”, deixando em aberto a possibilidade de enviar soldados para invadir a nação sul-americana.

Após ser laureada em outubro, Machado dedicou o prêmio a Trump — que fez campanha aberta para ser ele próprio o Nobel da Paz deste ano.

O Conselho Norueguês da Paz, um grupo de 17 organizações que promove a resolução de conflitos e é independente do comitê do Nobel, afirmou em outubro que a opositora venezuelana “não se alinha com valores fundamentais” e cancelou sua tradicional homenagem anual à nova laureada.

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