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99Food é suspeita de usar dados sigilosos do iFood em propostas comerciais

Donos de restaurantes relatam ter sido procurados por pessoas que se apresentam como representantes da empresa de delivery 99Food, com informações sigilosas de suas operações na plataforma concorrente. De acordo com documentos e imagens de conversas obtidos pela reportagem, além de relatos de empresários, a empresa chinesa estaria usando dados exclusivos do iFood em suas propostas comerciais. Eles teriam informações sobre faturamento dos estabelecimentos, volume de transações, ticket médio dos pedidos, detalhes contratuais, prazos de validade e multas previstas.

Em uma das conversas obtidas pela reportagem, o representante da gigante estrangeira chegou a mencionar a média de faturamento do restaurante nos últimos meses e conhecia o valor da multa contratual com o iFood. Em outra abordagem, o consultor tinha conhecimento da comissão especial do restaurante com o iFood.

Em outubro deste ano, a Polícia Civil executou mandados de busca e apreensão contra equipamentos de dois ex-funcionários do iFood, que são alvo de investigação por acessar e copiar informações confidenciais antes de pedirem demissão, incluindo listas com dados de restaurantes. Durante os depoimentos, os investigados afirmaram trabalhar na 99Food.

A empresa chinesa também tem sido acusada de incentivar ex-colaboradores do iFood a descumprirem cláusulas de non-compete – acordo que impede um ex-funcionário de trabalhar para concorrentes por um período determinado, visando proteger informações estratégicas da empresa. O tema é objeto de discussões na Justiça do Trabalho, e consultorias internacionais foram notificadas extrajudicialmente por tentativa de espionagem corporativa.

Caso seja confirmado o uso de informações sigilosas, a prática configura crime de concorrência desleal, segundo a Lei de Propriedade Industrial (Lei 9.279/96), que também garante proteção a dados confidenciais e informações estratégicas compartilhadas durante o exercício de cargos de confiança. A pena prevista para quem infringe esses termos é de detenção de três meses a um ano, ou multa.

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Em nota, o iFood informou ter sido avisado por donos de restaurantes parceiros, que apresentaram as propostas comerciais da concorrente, com dados restritos e exclusivos da empresa brasileira. A plataforma destacou que repudia qualquer prática de concorrência desleal e que está tomando as medidas cabíveis para proteger a empresa e os estabelecimentos.

O que diz a 99Food

Procurada pela coluna, a 99 não respondeu até o prazo dado pela coluna. Mas afirmou que abriu investigação interna e divulgou isso publicamente, pois até notebooks de uso corporativo foram furtados e tentativas de invasões ao sistema foram bloqueadas a tempo de evitar vazamentos de informações.

Também reafirmou um ponto sobre contratação de ex-funcionários de concorrentes: não existe cláusula de non-compete entre empresas. Isso é um acordo pactuado entre funcionário e o empregador. Nenhuma ação judicial contra essa contratação foi admitida no Judiciário

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