Coprodução entre Brasil e Estados Unidos, o filme Dark Horse, roteirizado pelo deputado Mário Frias (PL-SP), pretende contar como foi a campanha eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro durante as eleições de 2018, quando venceu a disputa contra Fernando Haddad (PT). Pelo teaser, é possível perceber que o filme se apoiará em uma narrativa de Bolsonaro de forma heroica e o apresentará como um sobrevivente de um atentado assassino — a facada que levou em pleno comício no dia 6 de setembro de 2018. A produção traz como diretor Cyrus Nowrasteh, que tem em seu currículo diversos outros filmes de temática religiosa. A obra, polêmica por si só, tem como astro Jim Caviezel, que interpretará o político de direita — e que está acostumado a controvérsias em sua própria carreira.
Jim Caviezel interpretou Jesus em A Paixão de Cristo (2004), do diretor e ator Mel Gibson, é abertamente católico, conservador, e já demonstrou alinhamento político a Donald Trump. Após interpretar Jesus, Caviezel não conseguiu emplacar muitos trabalhos em Hollywood, alegando ter sido boicotado pela indústria — algo que havia sido alertado de que aconteceria pelo próprio Mel Gibson, já que a releitura das últimas horas de Cristo pretendia polemizar. Apesar de ter conquistado uma enorme bilheteria na época de seu lançamento — lucrou mais de 600 milhões de dólares tendo sido produzido com um orçamento modesto de 30 milhões de dólares–, o filme foi acusado de propagar ideias antissemitas e de apresentar várias incoerências com as histórias narradas no Novo Testamento.
Entre 2011 e 2016, Caviezel estrelou a série Pessoa de Interesse, da CBS, mas em 2023 voltou a protagonizar uma nova polêmica ao estrelar o filme Som da Liberdade, do diretor Alejandro Monteverde. O longa é baseado na história de Tim Ballard, um ex-agente especial do Departamento de Segurança Interna que investigou crimes sexuais contra crianças. A produção independente, porém, foi acusada de apresentar uma narrativa aliada à ideologia da “QAnon”, uma teoria da conspiração de extrema-direita que afirma que a elite liberal mundial faz parte de uma cabala satânica global de pedofilia que se alimenta do sangue de crianças para se manter jovem. O filme não faz qualquer menção ao QAnon, porém, Caviezel participava de eventos do movimento e repercutia ideias dessa teoria em entrevistas.
O próprio diretor de Som da Liberdade até lamentou a associação do filme ao QAnon. “Eu fiquei realmente mal. Pensei: ‘Isso tudo está errado. Não é verdade.’ Foi de partir o coração ver toda essa polêmica e toda essa controvérsia. Meu instinto foi fugir. Eu queria me esconder. Não queria dar mais entrevistas. Antes do filme estrear, dei algumas entrevistas. Olha, quando você contrata pessoas, o que elas fazem no tempo livre, eu não posso controlar. Eu era o diretor. Eu escrevi o roteiro. Contratei o ator que achei o melhor para o filme”, disse Monteverde à Variety em agosto de 2023.
As gravações de Dark Horse foram feitas em sigilo absoluto e o filme está previsto para chegar aos cinemas em 2026. Na última segunda-feira, 8, o Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado de São Paulo (SATED-SP) publicou um vídeo nas redes sociais atestando que recebeu denúncias de atores e figurantes do set de Dark Horse. Sem entrar em maiores detalhes, o sindicato afirmou que os relatos apresentaram “situações preocupantes tanto de figurantes como de atores” e confirmou que está apurando as denúncias.
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