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Sob Trump, EUA perdem liberdade e avançam rumo ao autoritarismo, diz relatório

O espaço de participação da sociedade civil nos Estados Unidos sofreu um baque importante em 2025. A organização internacional Civicus rebaixou a situação das liberdades civis do país, que passou do nível considerado moderadamente restrito para o nível de obstruído. Na prática, isso significa que o governo federal tem imposto barreiras frequentes à atuação de movimentos sociais, imprensa, universidades e cidadãos que querem protestar.

O levantamento aponta uma piora clara no último ano. A Civicus analisou leis, ações policiais, iniciativas do governo e episódios registrados por organizações de direitos humanos e concluiu que houve um avanço das restrições de maneira sistemática. O resultado é um ambiente mais tenso, com vigilância irregular, processos administrativos usados como intimidação e declarações oficiais que desacreditam grupos críticos ao governo.

Um dos pontos mais citados é o uso de força contra manifestações. Em várias cidades, inclusive Los Angeles, o governo autorizou o envio da Guarda Nacional para conter protestos, numa escala que especialistas classificaram como excessiva. Houve uso de gás lacrimogêneo, balas de borracha e detenções consideradas arbitrárias por tribunais federais. Decisões judiciais recentes questionaram a manutenção prolongada das tropas, já que autoridades locais não conseguiram demonstrar risco real à ordem pública.

As universidades também se tornaram alvo. Estudantes e professores que participaram de atos de solidariedade ao povo palestino enfrentaram suspensões, abertura de processos internos e ameaças de perda de visto. Em alguns casos, juízes tiveram de intervir, afirmando que o governo ultrapassou limites básicos de liberdade de expressão. Organismos internacionais alertaram para tentativas de silenciar estrangeiros por meio de medidas administrativas, o que afeta especialmente estudantes e pesquisadores.

Outro ponto crítico é a relação do governo com a imprensa. A Civicus aponta que a pressão sobre meios independentes aumentou. Houve ameaças de cassação de licenças, processos milionários e cortes de recursos destinados a emissoras públicas. O governo também lançou um portal oficial que funciona como agência de notícias própria, reforçando a tentativa de ocupar espaço e reduzir o alcance de veículos críticos. Organizações de defesa da imprensa dizem que o objetivo é empurrar redações para a autocensura, já que os custos de enfrentar o governo se tornam altos demais.

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Em entrevistas, especialistas afirmam que a soma dessas medidas forma um quadro preocupante. Não se trata apenas de episódios isolados, mas de uma estratégia que junta leis vagas, uso seletivo de investigações, linguagem agressiva contra movimentos sociais e ações policiais de impacto. O resultado é a diminuição concreta da capacidade da sociedade de criticar governantes, organizar protestos e fiscalizar o poder público.

A queda na classificação acontece às vésperas das comemorações dos 250 anos da independência dos Estados Unidos. A Civicus afirma que o país precisa rever seu rumo para proteger liberdades básicas que formaram a base histórica da democracia americana. Analistas lembram que instituições como o Judiciário, agências reguladoras e grupos civis ainda têm força para conter abusos. O alerta, porém, é claro. Democracias consolidadas também podem retroceder quando governos ampliam seu poder e reduzem o espaço para o contraditório.

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