A mineração global vive um ponto de inflexão quando o assunto é atrair novos talentos. Um estudo recém-divulgado pela Sandvik, referência mundial em soluções de engenharia para o setor, mostra que a área ainda é pouco conhecida pelos jovens: quatro em cada dez não conseguem explicar o que de fato é a indústria.
Mesmo assim, o potencial de engajamento é enorme, mais de 90% afirmam que considerariam trabalhar no segmento ao entenderem sua importância para combater a crise climática e acelerar a transição para fontes de energia mais limpas. No Brasil, o cenário também revela nuances próprias: embora 59% dos estudantes e recém-formados tenham uma percepção positiva da mineração, apenas 45% a colocam entre as carreiras ideais. Chama atenção, porém, o interesse significativamente maior entre mulheres, que representam 61% dos jovens dispostos a ingressar na área, um contraste importante em um setor historicamente masculino que representa 39%.
O estudo também aponta os elementos que tornam a mineração atraente ou afastam novos profissionais. Entre os motivadores estão o uso crescente de tecnologias avançadas, como automação e digitalização, citadas por 58%, além da possibilidade de atuar em projetos de engenharia de alta complexidade (31%). Por outro lado, a falta de familiaridade com o setor (42%) e preocupações ambientais (31%) continuam sendo entraves para a formação desse novo contingente de talentos.
Para Stefan Widing, presidente e CEO da Sandvik, a modernização está reformulando a imagem da atividade: “A indústria utiliza digitalização, automação e eletrificação para enfrentar desafios globais. É uma oportunidade única para jovens engenheiros deixarem um legado sustentável”, afirma. Com uma grande leva de aposentadorias prevista até 2029 e a queda no número de estudantes de engenharia, a empresa reforça a importância de uma articulação mais forte entre universidades, empresas e governos para garantir a renovação da força de trabalho e sustentar o futuro do setor.
Embora as mulheres representem hoje apenas cerca de 15% da força de trabalho global na mineração, os dados do levantamento indicam que a distância entre homens e mulheres na intenção de seguir carreira no setor é muito menor do que se imaginava. Na prática, a pesquisa mostra que o interesse feminino não é o principal gargalo, o que aponta para um potencial de expansão relevante caso as barreiras estruturais sejam reduzidas.
A pesquisa ainda reforça a ideia de que as experiências vividas dentro das empresas e a cultura do setor, tanto no dia a dia quanto nas narrativas compartilhadas, exercem um papel determinante na entrada e na permanência das engenheiras na mineração. Empresas que adotam políticas de contratação mais inclusivas, promovem ambientes psicologicamente seguros e constroem propostas de valor claras para diferentes perfis e especializações têm mais chances de ampliar seu pipeline de talentos. Além de atrair mais mulheres, elas fortalecem a retenção de profissionais qualificados em um momento em que a indústria enfrenta envelhecimento da força de trabalho e necessidade urgente de renovação técnica.