O Ibovespa iniciou esta segunda-feira (08) em baixa, girando em torno dos 158 000 pontos, em meio à leitura dos investidores sobre os desdobramentos do cenário político no Brasil e às expectativas em relação à política monetária americana. O mercado reagia às informações de que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) pode recuar de sua pré-candidatura à Presidência, embora tenha sinalizado que exigiria contrapartidas para isso. Ao mesmo tempo, permanecem no radar as apostas sobre um possível corte de juros pelo Federal Reserve.
Na sexta-feira (05), a confirmação de que o ex-presidente Jair Bolsonaro indicou seu filho mais velho como nome do grupo político para a disputa presidencial provocou forte aversão ao risco nos mercados. O Ibovespa chegou a cair mais de 4% no dia, após ter renovado máximas históricas, enquanto o dólar avançou mais de 2% frente ao real. Para os agentes financeiros, a eventual candidatura de Flávio tende a dificultar uma composição entre o bolsonarismo e partidos da centro-direita, além de apresentar menor capacidade de atrair o eleitorado de centro do que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), visto como favorito pelo mercado. Esse cenário reforçaria as chances de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja condução da política econômica enfrenta resistência entre investidores.
Já no domingo (07), Flávio admitiu que existe a possibilidade de não levar a candidatura adiante, mas afirmou que qualquer desistência estaria condicionada a negociações. Após participar de um culto em Brasília, o senador declarou que deve anunciar nesta segunda-feira qual seria o “preço” para abrir mão da disputa, sinalizando que a exigência pode envolver o avanço da proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.
No campo dos indicadores econômicos, a Anfavea informou que a produção de veículos em novembro recuou 8,2% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Ao todo, foram fabricadas 219 mil unidades entre automóveis, comerciais leves e caminhões, abaixo das 238,7 mil registradas em novembro de 2024.
No mercado acionário, as ações dos grandes bancos operavam em alta no início do pregão. O Banco do Brasil (BBAS3) subia 2,08%, seguido pelo Itaú (ITUB4), com avanço de 1,07%. Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4) também registravam ganhos de 0,66% cada. Entre as blue chips, a Petrobras (PETR3) avançava 1,16%, enquanto a Vale (VALE3) tinha alta de 0,41%.
Cenário internacional
No exterior, o ambiente também era de maior otimismo, sustentado pela expectativa de um corte de 0,25 ponto percentual nos juros dos Estados Unidos pelo Federal Reserve. Os mercados futuros indicavam uma probabilidade implícita de 86% para essa redução ainda nesta semana. Em levantamento feito pela Reuters com 108 analistas, apenas 19 projetavam manutenção da taxa, enquanto a maioria esperava o início do ciclo de cortes. Para Bruno Yamashita, analista de Alocação e Inteligência da Avenue, a semana é muito importante porque o mercado acompanha de perto a decisão do Banco Central americano de corte de juros. “Mais do que as decisões monetárias, vai ser interessante acompanhar o discurso de Jerome Powell assim como as projeções do Fed”, explica Bruno.
Por volta das 11h, o dólar operava em 5,39 reais, enquanto os futuros em Wall Street apontavam leve valorização: o Dow Jones Futuro subia 0,05%, o S&P 500 Futuro avançava 0,10% e o Nasdaq Futuro subia 0,20%.