Rixi Moncada, candidata à presidência de Honduras pelo esquerdista Partido Liberdade e Refundação (Libre), anunciou neste domingo, 7, que a sigla não reconhecerá o resultado das eleições gerais e convocou protestos para o próximo fim de semana. Na véspera, o Conselho Eleitoral Nacional (CNE) do país prorrogou o prazo de recontagem dos votos, reflexo do empate técnico entre o candidato do Partido Nacional, Nasry Asfura, e Salvador Nasralla, do Partido Liberal.
Em coletiva, Moncada afirmou que “o Libre não reconhece as eleições realizadas sob a interferência e coerção de Donald Trump e da oligarquia aliada, que atacaram o povo com um golpe eleitoral”. Pouco antes da ida às urnas, o republicano alertou que poderia cortar a ajuda financeira a Honduras caso o candidato apoiado por ele, Asfura, não ganhasse a disputa. O líder americano também chamou Nasralla, de centro-direita, de “quase comunista”. Mais tarde, Trump acusou o órgão eleitoral de tentar “mudar” o resultado eleitoral.
A candidata — lançada pela presidente Xiomara Castro, impedida pela Constituição de buscar reeleição — também alegou que o sistema de Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares (TREP) apresentou falhas graves, citando “inconsistências” em mais de 95% das folhas de apuração. Ela, que não deu mais detalhes, disse que as irregularidades impediram uma contagem transparente e expressou preocupação com a falta de atualizações no site oficial do CNE por dois dias. O órgão, por sua vez, atribuiu interrupções a “problemas técnicos”.
Além disso, Moncada alertou para um possível “golpe eleitoral” e salientou que “o partido Libre repudia qualquer funcionário público que ofereça seus serviços e anuncie sua disposição de cooperar em uma transição de governo com os inimigos do povo, os perpetradores deste golpe eleitoral em curso”. Ela também rejeitou a “narrativa imperial do comunismo”, no que parece ser uma crítica indireta aos comentários de Trump sobre Nasralla.
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Indulto a Hernández
A esquerdista condenou, ainda, o indulto concedido por Trump ao ex-presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, na semana passada, e exigiu “que os pedidos da promotoria sejam apresentados e que seja expedido um mandado de prisão internacional pelos seus crimes”. Hernández havia sido condenado por conspiração para importar cocaína para os Estados Unidos e por posse de metralhadoras em março de 2024, durante o mandato do democrata Joe Biden.
Na época, documentos do Departamento de Justiça dos EUA (DOJ, na sigla em inglês) mostraram que o ex-presidente teria se gabado para um chefão do narcotráfico de que iria “enfiar as drogas direto no nariz dos gringos”. Ele teria causado “danos incalculáveis” e “sofrimento inimaginável” aos americanos, alegaram os promotores, que aconselharam que o ex-presidente passasse o resto da vida atrás das grades.
“O réu se envolveu nessa conduta abominável enquanto se apresentava publicamente como um aliado dos Estados Unidos em seus esforços para combater a importação de narcóticos que destroem inúmeras vidas neste país. Mas, nos bastidores, o réu protegia os mesmos traficantes que jurou perseguir”, disseram os promotores do caso.
Mas Trump não deu ouvidos, e Hernandéz foi libertado na última segunda-feira, 1°. Em comunicado, argumentou que “muitos amigos” pediram a ele que oferecesse um indulto ao hondurenho, acrescentando: “Deram-lhe 45 anos porque ele era o presidente do país — isso poderia ser feito com qualquer presidente em qualquer país”. Pouco antes de retornar à Casa Branca, o republicano foi condenado por 34 crimes de falsificação de documentos comerciais, relacionados a um pagamento feito à atriz pornô Stormy Daniels durante a eleição presidencial de 2016 para que ficasse quieta sobre um affair que tiveram uma década antes. Ele também enfrentava outras acusações.
