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Tailândia bombardeia Camboja em meio a tensão sobre fronteira disputada; 4 civis morrem

A Tailândia lançou ataques aéreos nesta segunda-feira, 8, ao longo de sua fronteira com o Camboja, uma região disputada há décadas, após acusações mútuas de violação de um acordo de cessar-fogo entre os países mediado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cujo objetivo era encerrar o conflito que forçou dezenas de milhares de pessoas a fugir de suas casas. Quatro civis cambojanos foram mortos nas províncias de Oddar Meanchey e Preah Vihear, segundo o ministro da Informação, Neth Pheaktra.

O Exército tailandês afirmou que os bombardeios foram uma reação a combates na fronteira que deixaram um de seus soldados morto e outros quatro feridos. A Força Aérea do país anunciou nesta segunda ataques contra alvos militares em várias áreas, acusando o Camboja de mobilizar armamento pesado e reposicionar unidades de combate.

O Ministério da Defesa cambojano, por sua vez, culpou a Tailândia pela escalada. Em nota, afirmou que as forças tailandesas lançaram ataques contra seus militares sem provocação nesta segunda e que o Camboja não retaliou, apesar das “ações provocativas por muitos dias”.

Trégua frágil

Há seis semanas, Trump supervisionou a assinatura de um acordo de cessar-fogo que ele próprio intermediou para pôr fim a um conflito de cinco dias que eclodiu em julho. Pelo menos 48 pessoas morreram durante os combates e 300 mil foram forçadas a deixar suas casas. Apesar da trégua, as tensões continuaram altas, com trocas de acusações de violações. Em novembro, a Tailândia anunciou a suspensão do acordo.

Hun Sen, ex-premiê cambojano que continua relevante na política nacional e é pai do atual líder, Hun Manet, instou as Forças Armadas do seu país a manterem uma posição moderada, embora, segundo ele, a Tailândia estivesse tentando “nos arrastar para uma retaliação”.

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“O limite para a resposta já foi traçado. Exorto os comandantes em todos os níveis a instruírem todos os oficiais e soldados de acordo com isso”, escreveu ele em uma publicação no Facebook.

O primeiro-ministro tailandês, Anutin Charnvirakul, por sua vez, negou ter reiniciado o conflito e garantiu que o país não deseja violência. “No entanto, a Tailândia não tolerará violações de sua soberania e procederá de forma racional e com o devido respeito aos princípios da paz, segurança e humanidade”, declarou o líder.

Tensões em alta

Mais de 385 mil civis receberam ordens de evacuação das áreas fronteiriças em quatro províncias, segundo as autoridades tailandesas, que informaram ainda que cerca de 35 mil pessoas foram direcionadas a abrigos públicos nesta manhã. Outras mais estariam abrigadas com parentes.

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Pessoas também fugiram de vilarejos no lado cambojano da fronteira, de acordo com o Ministério da Informação do país, que afirmou que 1.157 famílias foram levadas para áreas seguras.

O primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, que ajudou a intermediar o cessar-fogo com Trump, pediu que Tailândia e Camboja evitem uma escalada do conflito. Ele alertou que os combates podem “desfazer o trabalho cuidadoso realizado para estabilizar as relações entre os dois vizinhos”.

“Instamos ambos os lados a exercerem a máxima contenção, manterem canais de comunicação abertos e utilizarem plenamente os mecanismos existentes”, disse Anwar, presidente da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), nas redes sociais.

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Conflito

O conflito que estourou em julho foi resultado de um aumento gradual nas tensões. No mês anterior, soldados de ambos países trocaram disparos na fronteira, matando um militar cambojano. Isso levou a uma série de ações de retaliação por parte de ambos os governos, que desaguaram numa guerra aberta de cinco dias. Após a intervenção de Trump, além de esforços diplomáticos da Malásia e da China, um cessar-fogo foi acordado — o presidente dos Estados Unidos ameaçou suspender todas as negociações comerciais com o Camboja e a Tailândia até que houvesse um acordo de paz.

A trégua, no entanto, continuou frágil. No mês passado, a Tailândia anunciou a suspensão do acordo, acusando o Camboja de instalar novas minas terrestres ao longo da fronteira, incluindo uma que, segundo o país, feriu um soldado tailandês, que perdeu um pé na explosão.

Posteriormente, em meio a trocas de acusações de violação do cessar-fogo, um civil cambojano foi morto e três ficaram feridos, de acordo com o primeiro-ministro do Camboja. Na época, Trump voltou a usar as negociações comerciais para pressionar ambos os lados, mas minimizou os incidentes, dizendo que havia “impedido uma guerra” por meio do uso de tarifas.

A disputa entre as nações vizinhas remonta a mais de um século, quando a França, que ocupou o Camboja até 1953, mapeou pela primeira vez a fronteira terrestre. O conflito na divisa, que se estende por mais de 817 km, eclodiu repetidamente ao longo dos anos, alimentado por sentimentos nacionalistas.

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