counter Sentar e levantar: o teste simples que prevê se você poderá ter uma vida longa pela frente – Forsething

Sentar e levantar: o teste simples que prevê se você poderá ter uma vida longa pela frente

Uma ferramenta simples, barata e segura que pode ser usada em consultórios e postos de saúde para avaliar o grau de capacidade física e o risco de mortalidade precoce. Esse é o teste de sentar-levantar, criado em 1999 pelo médico brasileiro Cláudio Gil Araújo e já aplicado em milhares de pessoas dentro e fora do país.

O método acaba de passar por uma nova prova científica conduzida por Araújo e sua equipe da Clínica de Medicina do Exercício (Clinimex), no Rio de Janeiro, onde mais de 10 000 pacientes já foram submetidos a ele. O estudo, recém-publicado em um dos importantes periódicos da Sociedade Europeia de Cardiologia, demonstra, com base em dados robustos, que o teste é capaz de predizer a propensão à mortalidade prematura ou por doenças cardiovasculares com o avançar da idade.

O trabalho analisou dados de 4 282 indivíduos de 46 a 75 anos, a maioria homens, acompanhados em algum momento de 1998 a 2023. Esses voluntários, que não apresentavam limitações físicas ou doenças incapacitantes no início, participaram de avaliações médicas com foco em aptidão física e estado de saúde e realizaram o teste de sentar-levantar como forma de inspecionar sua capacidade não aeróbica – o que engloba, em vez do condicionamento cardiorrespiratório, fatores como força e potência muscular, flexibilidade, equilíbrio e composição corporal. 

Os especialistas utilizam uma escala com pontuações de 0 a 10 que compreendem desde o ato de sentar até o de se levantar. E descobriram que as notas dos pacientes se correlacionam com a probabilidade de viverem mais ou menos. Ou seja, o teste é uma espécie de termômetro do estado físico, da saúde e da longevidade. Quem pontua mal – e não modifica seu estilo de vida ou cuida melhor de seu corpo – tende a ter uma vida mais curta pela frente.

Entenda como funciona o teste no vídeo abaixo:

Continua após a publicidade

Os achados da pesquisa

Durante o estudo, foram registradas 665 mortes devido a causas naturais – foram excluídas causas externas, como acidentes, e casos de covid. Fazendo as contas e comparando com os voluntários que continuam vivos, Araújo e seu time constataram que a taxa de mortalidade foi de 3,7% entre aqueles com pontuação de 10 no teste de sentar-levantar, 11% para quem tinha pontuação 8 e o índice disparava para 42% entre os 10% de pacientes com pontuações abaixo de 4.

“Demonstramos que níveis muito baixos de aptidão física não aeróbica, o objeto do teste, quando ajustados para outras variáveis clínicas, elevam em mais de três vezes o risco de mortes por causas naturais e em seis vezes o risco de morte por causas cardiovasculares em homens e mulheres de 46 a 75 anos”, resume Araújo. “É um resultado relevante e impactante”.

Continua após a publicidade

“No período de acompanhamento do estudo, de até 18 anos, entre os 192 indivíduos que não conseguiam levantar-se sozinhos do chão praticamente a metade morreu, enquanto somente 23 dos 520 voluntários que conseguiram levantar-se do solo sem precisar de qualquer apoio sem se desequilibrar faleceram. É uma diferença impressionante”, detalha o médico.

Ferramenta de saúde pública

Estudos anteriores já haviam demonstrado o potencial do teste de sentar-levantar para prever o risco de mortalidade por diversas causas. Com essa validação científica, Araújo espera que o uso do método possa ser ampliado como ferramenta clínica e de saúde pública. 

“Checar na consulta, que não precisa ser feita por um médico, a habilidade de um indivíduo de meia idade ou idoso em sentar e levantar-se do chão, descalço e com roupas confortáveis, e atribuir notas de 0 a 10 a seu desempenho pode ser tão ou mais informativo sobre seu estado de saúde e prognóstico do que as tradicionais medidas de pressão arterial e frequência cardíaca de repouso”, diz o médico.

Continua após a publicidade

Araújo conta que o exame já figura como primeiro item na bateria de testes de saúde de países como Hong Kong. “É um modelo simples, seguro, validado, rápido de aplicar, que não requer equipamentos e não tem custos diretos, sendo também fácil de realizar e de comunicar os resultados aos pacientes, o que é importantíssimo”, afirma o especialista.

Claro, existem limitações. “O teste de sentar-levantar tem uma utilização mais restrita em indivíduos com problemas locomotores, caso de quem tem uma artrose severa ou prótese no joelho, e deve ser aplicado com maior cuidado em pessoas muito idosas, debilitadas, que passaram por grande cirurgia e mesmo gestantes”, pondera o especialista.

Excluídos esses casos, o método brasileiro representa, segundo as pesquisas, uma forma assertiva, prática e barata de checar a aptidão física e prever o horizonte de longevidade pela frente. “Acredito que, na avaliação global e simultânea de componentes como força e potência muscular, composição corporal, flexibilidade e equilíbrio, não exista outro teste que seja comparável ou melhor”, diz seu criador.

Compartilhe essa matéria via:

Publicidade

About admin