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BNDES articula capital privado para a agenda climática

A COP30 marcou uma nova etapa no financiamento climático brasileiro, com uma expressiva ampliação de recursos. Durante a conferência, realizada em Belém, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou que sua Chamada Pública de Mitigação Climática recebeu 45 propostas de fundos de investimento, capazes de mobilizar R$ 73,7 bilhões — número que superou as expectativas iniciais do Banco.

O resultado, apresentado durante a abertura do Pavilhão BNDES, simboliza o retorno da instituição a um papel estratégico no mercado de capitais, mas agora com foco na economia verde. Ele ainda reposiciona o Brasil como protagonista de soluções climáticas em escala global.

Retomada do equity e foco em inovação

A iniciativa marca também o retorno do BNDES à modalidade de investimento direto em empresas (equity), uma estratégia que havia perdido força nos últimos anos. O presidente do Banco, Aloizio Mercadante, destacou que o movimento tem como objetivo apoiar tecnologias emergentes e modelos de negócio capazes de acelerar a transição verde no país.

“O anúncio que fazemos hoje é o retorno do BNDES à modalidade de investimento direto em empresas. Isso significa escolher bons projetos e entrar como sócio para impulsionar inovação, novas tecnologias e crescimento produtivo”, afirmou. Segundo ele, o Banco já tem dois aportes aprovados: um fundo de venture capital e uma empresa catarinense de bioinsumos para agricultura sustentável.

A demanda total apresentada para apoio do BNDES — R$ 21 bilhões — e a perspectiva total de investimento (que inclui outras fontes) indicam que o mercado está maduro e atento às oportunidades de descarbonização. “Recebemos 45 propostas, que somam R$ 73,7 bilhões. Isso mostra a força da inovação no Brasil e o potencial para acelerar a economia verde”, disse Mercadante.

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Como funciona a chamada pública

Com orçamento de R$ 5 bilhões, a Chamada de Clima integra a retomada dos investimentos da BNDESPAR em renda variável e tem como objetivo estruturar até sete fundos capazes de alavancar capital privado.

O modelo prevê que o BNDES entre com até 25% do capital de cada fundo, mobilizando os demais 75% no mercado. A estimativa é que os recursos do Banco possam impulsionar até R$ 20 bilhões em investimentos direcionados a projetos de: descarbonização industrial, transição energética, agricultura verde e tecnologias climáticas, restauração ecológica, reflorestamento e conservação ambiental. A seleção final será divulgada em janeiro de 2026.

Soluções baseadas na natureza ganham força

Entre os destaques da chamada está o reforço a Soluções Baseadas na Natureza, consideradas essenciais para o Brasil cumprir suas metas no Acordo de Paris. A modalidade, que inclui projetos de reflorestamento, agroflorestas, manejo florestal sustentável e recuperação de ecossistemas, contará com a seleção de até dois fundos dedicados a esse tipo de iniciativa.

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A categoria dialoga diretamente com a posição estratégica do país, detentor da maior biodiversidade do planeta e com grande potencial de geração de créditos de carbono de alta integridade.

Maior carteira verde da história do Banco

Atualmente, a BNDESPAR possui R$ 8,4 bilhões em capital comprometido em fundos. A nova chamada, caso alcance sua capacidade plena, pode elevar esse volume em até 60%, tornando o BNDES o maior articulador de investimentos climáticos do país.

Para Mercadante, a COP30 reforça a necessidade de ação concreta na agenda ambiental. “O Brasil tem a oportunidade de se posicionar como líder global em soluções climáticas. O BNDES quer ser protagonista na mobilização de capital privado para viabilizar investimentos em mitigação climática, fundamentais para que o país atinja as metas do Acordo de Paris”, afirma.

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Ao associar inovação, mercado de capitais e políticas públicas, o Banco tenta transformar ambições climáticas em projetos efetivos e, principalmente, escaláveis.

O próximo passo

A expectativa é que os fundos selecionados financiem iniciativas que vão do desenvolvimento de novas tecnologias limpas ao manejo florestal regenerativo, passando por infraestrutura de adaptação climática e modelos agrícolas de baixo carbono.

O impacto financeiro, somado ao peso geopolítico da COP30, coloca o Brasil em nova rota de liderança ambiental. E reforça o papel do BNDES como motor da economia verde em um cenário global cada vez mais pressionado por metas de descarbonização.

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