As mudanças que estamos vivendo, do avanço da inteligência artificial ao ritmo frenético do trabalho, estão bagunçando a bússola interna de muita gente. Até os profissionais mais experientes me dizem a mesma frase quando sentam na minha frente:
“Luana, eu sei que preciso mudar, mas meu corpo trava.”
E trava mesmo.
O cérebro humano foi desenhado para sobreviver, não para inovar.
Quando ele identifica ameaça, seja ela real ou imaginária, o cérebro ativa três rotas automáticas: fuga, luta ou congelamento.
E é aqui que muita gente se perde. Confunde medo que paralisa com medo que impulsiona.
O medo que paralisa
É aquele que sussurra no seu ouvido:
• “Fica onde está”
• “Não arrisca”
• “E se tudo der errado?”
Esse medo te prende na rotina conhecida, mesmo quando ela já não te serve mais.
O medo que impulsiona
É o outro lado da mesma moeda.
Ele aparece quando você reconhece a ameaça, mas entende que ela é passageira, não definitiva.
E então você usa essa energia para se mover na direção certa, um passo de cada vez.
Muitas vezes, esse segundo tipo de medo só aparece depois que você entende algo fundamental: evitar não resolve.
Evitar só adia o inevitável e aumenta o custo emocional.
Eu aprendi isso na pele.
Quando deixei a segurança de Harvard para escrever, ensinar e criar um movimento global sobre saúde mental, eu também quis evitar.
Trabalhei demais. Enchi minha agenda. Tentei “controlar tudo”.
Meu cérebro dizia exatamente o que talvez o seu diga hoje:
“Você não pode”
“Você não está pronta”
“Volta para a praia”
Mas sonhos não acontecem na praia.
Eles acontecem no barco.
E o barco, às vezes, dá medo mesmo.
Foi nesse momento que precisei aplicar na minha própria vida o que ensino para os meus pacientes e alunos:
1. Mudar o diálogo interno (modificar)
O jeito como você fala consigo mesmo molda o que o seu corpo faz.
Se você pensa como sua pior crítica, o medo vira inimigo.
Se você pensa como falaria com seu melhor amigo, o medo vira informação.
2. Fazer o movimento que o medo quer impedir (abordar)
Quer escrever um livro? Comece com um parágrafo.
Quer mudar de carreira? Pesquise uma vaga.
Quer empreender? Marque uma conversa.
Não espere a coragem chegar. Ela aparece depois da ação, não antes.
3. Lembrar por que isso importa (alinhar)
Medo sem valores vira pânico.
Medo com valores vira direção.
Quando você sabe por que quer o que quer, o corpo segue, mesmo tremendo.
Hoje, vivo algo que jamais imaginei quando cresci numa cidade pequena em Minas Gerais: converso com CEOs do mundo inteiro sobre esse exato dilema.
E, acredite, da diretora que faz 14 reuniões sem parar ao jovem profissional que teme ser substituído pela IA, todos dividem a mesma sensação: “Estou sempre ligado. Não posso errar. Não posso parar.”
Mas a verdade é essa: ninguém sustenta o extraordinário vivendo no automático.
Se você quer crescer, inovar, liderar ou simplesmente se reinventar em um momento de tantas mudanças, vai precisar aprender a diferenciar: o medo que te trava do medo que te move.
E isso começa com uma pergunta simples: quando você pensa no seu próximo passo, seu corpo se encolhe ou se aproxima?
Se encolhe, não é sinal de que você está no caminho errado. É sinal de que você está diante de algo que importa.
Esse é exatamente o território onde o sonho começa.
Se esse texto mexeu com você, quero saber.
Me escreva no Instagram, eu adoro continuar essa conversa por lá. Nos vemos semana que vem.
Até lá, lembre-se: ousadia não é ausência de medo, é usar o medo do jeito certo.