O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aproveitou a melhora recente dos indicadores econômicos para provocar economistas que, segundo ele, erraram repetidas vezes suas previsões. Em entrevista à TV Verdes Mares, afiliada da Globo no Ceará, Haddad disse ficar “perplexo” ao ver especialistas seguirem sendo consultados “depois de errar dez previsões”. A cutucada rendeu reação no Mercado, programa da VEJA apresentado por Veruska Donato, onde o economista Victor Borges, da Manchester Investimentos, classificou a fala como “palanque” (este texto é um resumo do vídeo acima).
O que Haddad disse sobre as previsões?
O ministro comemorou o momento dos mercados: Ibovespa em recorde, confiança de empresários e trabalhadores em alta, dólar na casa de R$ 5,30, apesar das projeções pessimistas anteriores. Haddad afirmou que muitos analistas “insistem em prever errado”, enquanto quem acerta não recebe a mesma atenção.
O ministro também saiu em defesa das contas públicas, afirmando que a política fiscal voltou a obedecer padrões internacionais. Segundo ele, o ajuste do governo “não penaliza a base da pirâmide”, ao contrário do que ocorria em gestões anteriores, que congelavam salário mínimo, tabela do IR e programas sociais.
“Taxar ricos não funciona”, diz Borges
Provocado por Veruska Donato a respeito do incômodo causado pelas falas de Haddad, Borges foi direto: “Esse tipo de fisco para a população mais rica não funciona. Existem meios de fugir desse tipo de tributação.”
O economista argumentou que impostos desse tipo tendem a afugentar capital produtivo e capital humano, problemas que, segundo ele, o Brasil já enfrenta há anos.
É justo responsabilizar economistas pelos erros?
Borges rebateu as críticas do ministro ao lembrar que a função do economista envolve lidar com “recursos finitos e necessidades infinitas”, sempre dentro de um cenário de riscos e incertezas. Previsões podem — e vão — falhar.
Para ele, Haddad ignora que parte relevante do movimento recente dos mercados não tem origem no governo brasileiro:
“O que estamos vendo na Bolsa e no câmbio não é exclusividade do Brasil. Os mercados emergentes como um todo estão em alta, muito mais por fatores dos Estados Unidos — principalmente a expectativa de corte de juros — do que por méritos domésticos.”
Quais os riscos para 2024?
Segundo Borges, o ambiente atual favorece a melhora: Inflação (IPCA) caminhando para a meta, expectativa de queda da Selic no 1º ou 2º trimestre, retomada do apetite por investimentos em infraestrutura.
Mas o cenário pode desandar rapidamente caso o governo perca o controle dos gastos:
“Se a Lei Orçamentária não for bem executada e a inflação voltar a acelerar, o ministro terá dificuldade para justificar. O que dirá se o dólar subir por erro de execução do próprio governo enquanto o resto do mundo melhora?”
VEJA+IA: Este texto resume um trecho do programa audiovisual Mercado (confira o vídeo acima). Conteúdo produzido com auxílio de inteligência artificial e supervisão humana.