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Declarações de Trump contra comunidade somali geram clima de medo em Minnesota

As recentes declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a comunidade de imigrantes vindos da Somália no estado de Minnesota têm gerado um crescimento de tensões na comunidade local. Na terça-feira, 2, o mandatário chamou os somali de “lixo” durante uma reunião de gabinete televisionada. Junto a isso, o início de uma campanha de deportação pelo ICE, a polícia de imigração americana, nas Twin Cities — nome dado à região metropolitana de Minneapolis-Saint Paul, a área urbana mais populosa do estado — vem forçando somalis a se esconder e viver em estado de alerta. 

“Eu não me sinto eu mesma porque tenho medo em todo lugar que vou. Sou um alvo? Eu nem sei. Isso é muito triste”, declarou à agência de notícias Reuters a somali Ifrah Farah, cidadã americana e proprietária de um salão de beleza no centro comercial Karmel Mall. “Nunca fiz nada de errado. Sou uma mãe trabalhadora. Nós não somos lixo”. 

O Karmel Mall, onde Farah trabalha, é conhecido por ser um ponto de encontro para a comunidade somali de Minneapolis. No entanto, as declarações de Trump fizeram com que o local se encontrasse vazio na quarta-feira, 3, com um crescente receio de deportações.

Em entrevista à Reuters, a imigrante somali Hayat, dona de uma loja de roupas no shopping, afirma ter perdido 90% de seus clientes nos últimos dias, em decorrência da apreensão pela presença de agentes do ICE na cidade. A maior parte dos negócios no Karmel Mall é administrada por mulheres somalis, e quase todas apontam o mesmo cenário: seus negócios foram seriamente comprometidos após as declarações do presidente e o aumento do efetivo da polícia de imigração.

A comunidade somali em Minneapolis-Saint Paul, estimada em 84 mil pessoas, está sob severo escrutínio após uma investigação de fraude do Departamento de Justiça apontar que 77 indivíduos, muitos com origens na Somália, foram responsáveis por desviar fundos de auxílio à COVID destinados à compra de refeições para crianças. Pelo menos 56 dos envolvidos se declararam culpados, e a suposta líder do grupo, uma mulher branca de Minnesota, foi condenada por quatro acusações de fraude eletrônica.

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O aumento na presença de agentes do ICE tem feito membros da comunidade carregarem seus passaportes para todos os lugares que vão, com um grande receio de perfilamento racial. O membro do conselho municipal de Minneapolis Jamal Osman, um refugiado somali que chegou aos EUA na adolescência, disse que muitos de seus eleitores têm ligado para perguntar se é seguro sair às ruas da cidade. Osman afirmou que a região metropolitana agora parece uma “zona de guerra”.

Segundo a secretária assistente do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, Tricia McLaughlin, quem está em situação irregular ‘não tem nada a temer’. “O que faz de alguém um alvo do ICE não é sua raça ou etnia, mas o fato de que ele está ilegalmente no país”, disse McLaughlin. A secretária confirmou o aumento nas deportações ao longo dessa semana, enquanto lideranças locais afirmam que os agentes têm se concentrado no bairro de Cedar-Riverside, que concentra grande parte da comunidade somali.

Para defensores dos direitos de imigrantes, Trump está utilizando as investigações do Departamento de Justiça como justificativa para atacar os somalis de forma ampla. A maioria dos imigrantes oriundos da Somália chegou como refugiados da guerra civil no país, que gerou um êxodo estimado em 1 milhão de pessoas para todo o mundo desde 1991. No entanto, a maior parte da comunidade somali em Minneapolis é formada por pessoas que nasceram nos Estados Unidos.

Autoridades locais têm criticado as medidas promovidas pela Casa Branca e os ataques de Trump. “Isso não é segurança pública”, declarou o indignado prefeito de St. Paul, Melvin Carter, que chamou as operações do ICE de “carnaval”. Já a diretora executiva do Conselho de Relações Americano-Islâmicas em Minnesota, Jaylani Hussei, disse que as falas do presidente têm consequências preocupantes, incluindo um aumento das ameaças online contra a comunidade.
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