O Ibovespa opera entre perdas e ganhos nesta sexta-feira, 5, com o mercado à espera de dados da inflação dos Estados Unidos. No cenário local, a agenda esvaziada deixa investidores conservadores em ajustar posições, o que reduz ainda mais um viés de tendência no mercado acionário.
Por volta das 11h30min, o Ibovespa recuava 0,02%, a 164.427 pontos. O mercado aguarda dados da inflação americana medida pelo Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal (PCE) — o indicador inflacionário preferido do Banco Central americano, o Federal Reserve. Segundo Bruno Benassi, analista de Ativos na Monte Bravo, os dados são relevantes para confirmar para o mercado se o Fed deve cortar juros em 2026.
Do lado negativo, as ações da Hapvida (HAPV3) registram a maior queda do dia. Os papéis recuam 1,86%, 15,26 reais. Na visão de Benassi, a baixa acontece em meio ao julgamento na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) sobre um reconhecimento contábil feito pela companhia em uma acordo fechado dentro do desenrola.
No terceiro trimestre de 2025, a Hapvida reportou sinistralidade de de 75,2%, avanço de 1,4 ponto porcentual na comparação com o mesmo período do ano passado. “A ANS discute esse acordo dentro do balanço em meio aos problemas de baixa rentabilidade e alta sinistralidade apresentada pela empresa”, diz Benassi.
Na ponta positiva, as ações da Braskem (BRKM5) avançam 1,53%, a 7,94 reais. Benassi diz que há a expectativa sobre a troca de controle da empresa. A gestora IG4 deve assumir o comando da petroquímica no lugar dos bancos.
Para Angelo Belitardo, gestor da Hike Capital, o Ibovespa deve continuar operando em um patamar elevado, sustentado pela expectativa de cortes de juros e fluxo positivo para mercados emergentes. “Porém, o índice tende a mostrar mais volatilidade, com chance de realização de lucros após as fortes altas recentes”, diz. “Se o cenário externo permanecer benigno e a percepção fiscal doméstica estável, o índice mantém viés construtivo”, afirma Belitardo.
Dólar opera em leve alta com expectativas para inflação americana
No mercado de câmbio, o dólar caminha pela estabilidade. Por volta das 11h30, o dólar subia 0,42%, a 5,33 reais. Felipe Sant’Anna, especialista em investimentos do grupo Axia Investing, reforça que a moeda ronda o zero a zero enquanto o mercado espera os dados da inflação. “Os números podem trazer mais apetite ao longo do dia”, explica.
Conforme Sant’Anna, parte do mercado tem precificado redução de juros no Brasil e nos Estados Unidos. Ele lembra que uma parcela acredita que o corte no Brasil pode vir em janeiro, enquanto uma outra aponta março como a definição correta. “Entendo que o BC deve cortar juros em março após as falas duras da autoridade monetária no começo desta semana”, reforça.
Segundo Gustavo Moreira, planejador financeiro, se as expectativas de corte se concretizarem, e se a confiança no cenário econômico interno se mantiver, há chances de nova acomodação e queda da cotação do dólar. “Acredito que o cenário é bem otimista para a moeda com a proximidade da Super Quarta na próxima semana”, conclui.
