O ex-presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, agradeceu na quarta-feira 3 ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pela concessão de um indulto que o libertou de uma pena de 45 anos. Foram as primeiras declarações do hondurenho após deixar a prisão, dois dias antes, onde estava desde que foi condenado em 2024 por aceitar propinas para ajudar traficantes a levar drogas para território americano.
“Minha mais profunda gratidão ao presidente Trump por ter tido a coragem de defender a justiça quando um sistema instrumentalizado se recusava a reconhecer a verdade”, disse Hernández em publicação no X. “O senhor mudou a minha vida, e eu jamais me esquecerei disso”, finalizou.
Hernández cumpria pena na Penitenciária de Hazelton, no estado americano da Virgínia Ocidental, até ser liberado nesta segunda-feira, 1º. Segundo sua esposa, Ana García, ele esperava há vários meses um perdão oficial, mas não bastou enviar uma petição ao órgão responsável: seu desejo só foi atendido quando escreveu uma carta a Trump no dia 28 de outubro, seu aniversário.
A decisão do republicano sobre libertar o ex-presidente hondurenho foi chocante, principalmente por conta do momento. Trump anunciou a concessão do indulto na sexta-feira 28, dois dias antes das eleições presidenciais de Honduras. Em declaração a repórteres no fim de semana, o ocupante da Casa Branca afirmou que Hernández havia sido alvo de uma acusação injusta e politicamente motivada, definindo o processo como “uma armação do governo de Joe Biden“.
“Basicamente, disseram que ele era um traficante de drogas apenas porque era o presidente do país”, afirmou Trump no domingo 30, a bordo do Air Force One.
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Em sua publicação na quarta-feira, Hernández fez coro as acusações de Trump: “Fui vítima de uma armação da administração Biden-Harris e do Estado profundo por meio de um julgamento fraudulento. Não havia provas reais, apenas acusações de criminosos em busca de vingança. Mesmo assim, a verdade sobre a minha inocência prevaleceu”.
O indulto chocou Honduras, que vive um acirrado processo eleitoral disputado entre o candidato do Partido Nacional, Nasry Asfura, apoiado por Trump e da mesma sigla de Hernández, e Salvador Nasralla, do Partido Conservador. Com 80% das urnas apuradas, a diferença entre os dois era inferior a 1 ponto percentual, com ligeira vantagem para Nasralla. No entanto, o processo foi interrompido na quarta devido a uma “manutenção” no sistema.