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‘Sem formação acadêmica, há risco de se ter obras vazios’, diz Lúcio Vilar

O Fest Aruanda 2025, festival de cinema que chega a sua 20ª edição em João Pessoa, começou nesta quarta-feira, 3. Entre os destaques da programação estão a exibição de filmes, mesas redondas, conferências, além de atrações musicais, como um show do cantor Sidney Magal, logo após a mostra de seu documentário, Me Chama que Eu Vou. O fundador e diretor do evento Lúcio Vilar festeja à coluna GENTE essa edição em meio ao bom cenário do cinema nacional.

“Duas décadas é uma data muito simbólica. O festival alcançou uma condição de se tornar um dos mais importantes do Nordeste e hoje está nesse patamar. Por isso achamos que precisava ousar um pouco mais. Então, criamos o Aruanda Praia. Nas areias de Tambaú, nossa principal praia da orla, a gente armou uma grande estrutura de palco e telão profissional para projeção de filmes, conjugados com shows que vão acontecer logo em seguida. A nossa expectativa é atingir pessoas de todas as classes sociais. O nosso evento é financiado com recursos públicos, então, desde a primeira edição, em 2005, todas as atividades do festival são grátis. E agora na praia, com música, mais democrático impossível. O cinema no Brasil ainda é muito caro, indiscutivelmente. A gente tem recuperação de público, depois da pandemia, mas é muito caro”.

As exibições dos filmes, sob curadoria de Amilton Pinheiro, ocorrem em dois locais: no Manaíra Shopping e também no Busto de Tamandaré, localizado na orla da capital. O evento é gratuito em ambos os espaços.

“Os filmes concorrendo ao Oscar impulsionam o mercado, aumentam a autoestima. Veja, a última conquista do Oscar teve um clima de Copa do Mundo. Isso dá muita força. Apesar de todos os problemas, a gente vive um momento extremamente positivo. Nós vamos ter aqui no festival, na sexta-feira, conferência de abertura do Paulo Alcoforado, diretor da Ancine, sobre alternativas de desenvolvimento no Brasil para o setor. O streaming, por exemplo, é uma convivência que a gente vai ter que ter. Sou daqueles que advogam uma postura mais flexível, de não radicalidade no sentido da rejeição. As novas produções verticais são outra novidade. Com uma estética que foge da tradição, da horizontalidade. Não sei como isso vai ser digerido. É controverso, para começo de conversa. Não sei se conteúdos mais autorais entrariam nessa vertente. Nesse sentido, a formação acadêmica é muito importante, porque senão, corre o risco de se produzir obras sem eco, sem conteúdo, sem reflexão, sem contextualização, vazios. Como diz o Herbert Vianna, isso é um paradoxo estendido na areia”, diz Lúcio, professor doutor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

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