A União Europeia formalizou nesta quarta-feira, 3, um acordo para eliminar gradualmente as importações de gás natural russo até o final de 2027, em um movimento estratégico para reduzir a dependência energética da Rússia e limitar os recursos financeiros de Moscou após a invasão à Ucrânia em 2022.
“Estamos interrompendo essas importações permanentemente”, declarou Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia. “Ao esvaziar o caixa de guerra de Putin, nos solidarizamos com a Ucrânia e abrimos caminho para novas parcerias energéticas e oportunidades para o setor.”
A decisão, alcançada entre representantes dos governos europeus e do Parlamento, segue as propostas apresentadas pela Comissão Europeia em junho. Pelo acordo, o fornecimento de gás liquefeito (GNL) será interrompido até dezembro de 2026, enquanto o gás transportado por gasodutos terá o corte definitivo programado para setembro de 2027.
Apesar do avanço, a medida enfrenta resistência. Hungria e Eslováquia, que ainda dependem fortemente do fornecimento russo, já sinalizaram intenção de recorrer ao Tribunal de Justiça da UE. Para Budapeste e Bratislava, alternativas mais caras de fornecimento podem prejudicar suas economias e setores industriais. “Para a Hungria, implementar esta ordem de Bruxelas é impossível”, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Péter Szijjártó.
O contexto geopolítico torna a medida ainda mais relevante. Antes da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, a Rússia era responsável por 45% das importações de gás da UE. A iniciativa europeia representa, portanto, um esforço estratégico para enfraquecer financeiramente Moscou, em meio a um conflito que já provocou milhares de mortes e deslocamentos massivos.
O Kremlin, entretanto, condenou a decisão, afirmando que ela tornará os consumidores europeus mais vulneráveis a preços elevados e reduzirá a competitividade do bloco.
Além do gás, a UE planeja eliminar gradualmente as importações restantes de petróleo russo até o final de 2027, com proposta legislativa prevista para o início de 2026. Para garantir o cumprimento, os Estados-membros devem apresentar até 1º de março planos nacionais de diversificação energética e notificar a Comissão sobre contratos existentes ou proibições nacionais em vigor, que serão analisados para emitir recomendações e monitorar a implementação do corte.