A conversa de 40 minutos entre Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, repercutiu no programa Mercado desta quarta, 3, apresentado por Veruska Donato, como um movimento essencialmente econômico — apesar de embalado por elogios mútuos. Os economistas Alexandre Matias e Alex Agostini avaliam que a prioridade dos dois líderes, neste momento, é destravar negociações sobre tarifas e resolver impasses que atingem exportadores brasileiros. Mas e as sanções? (este texto é um resumo do video acima).
A ligação ocorreu na terça-feira, 2, e Lula só comentou publicamente o conteúdo na manhã seguinte, durante entrevista à TV Verdes Mares, no Ceará. Trump, por sua vez, confirmou a conversa ainda na Casa Branca, durante um evento oficial.
O que Trump quer e o que Lula busca no tarifaço?
Os Estados Unidos já suspenderam grande parte das tarifas ao Brasil, mas setores estratégicos, como o calçadista, seguem sob forte impacto. Matias afirma que agora existe um alinhamento claro entre os presidentes no objetivo de avançar nas negociações.
“O foco realmente é a negociação comercial”, disse o economista. “O Brasil cometeu um erro ao não buscar contato de alto nível até abril. Nesse vácuo, permitiu que outros atores interferissem na pauta.”
Segundo ele, Trump “pegou a canoa errada” ao comentar questões judiciais brasileiras — numa referência às sanções impostas a autoridades —, mas depois recuou e reconduziu a conversa para o campo econômico, onde atua “como negociador nato”.
Interferência do STF ficou para trás?
Matias considera que os temas ligados ao Judiciário (a Lei Magnitsky aplicada a Alexandre de Moraes como exemplo mais extremado) tendem a ser empurrados para segundo ou terceiro plano. A prioridade, agora, seria conter impactos inflacionários nos EUA, já que produtos brasileiros têm peso relevante para o consumidor americano.
Agostini, porém, faz outra leitura: a pauta da segurança e do crime organizado, discutida na chamada, seria parte de uma estratégia para pressionar Trump a rever as sanções contra autoridades brasileiras.
“Há um conflito moral”, avaliou. “Não faz sentido cooperar contra o crime organizado enquanto autoridades do Judiciário brasileiro seguem sancionadas. Isso precisa ser resolvido.”
Para o economista, há “bastidores técnicos muito preparados” atuando antes das conversas entre presidentes, e o diálogo direto de Lula seria parte desse arranjo maior.
Venezuela e crime organizado entraram no cálculo?
Trump citou sanções relacionadas a “coisas que aconteceram”, enquanto Lula ressaltou ao aliado o interesse em asfixiar financeiramente o crime organizado — tema sensível no atual contexto de tensão entre Washington e Caracas.
Agostini vê aí um sinal diplomático calculado:
“É uma forma de dizer: ‘Vamos cooperar na área de segurança, então precisamos resolver as sanções’. Se há cooperação, não pode haver esse tipo de conflito.”
Ambos destacaram que, para o Brasil, evitar escaladas regionais é crucial, inclusive para impedir efeitos sobre rotas aéreas, marítimas e fluxos comerciais.
VEJA+IA: Este texto resume um trecho do programa audiovisual Mercado (confira o vídeo acima). Conteúdo produzido com auxílio de inteligência artificial e supervisão humana.