Nesta quarta, 3, a Fifa impôs oficialmente um novo transfer ban ao São Paulo, impedindo-o de registrar novos jogadores até quitar os valores cobrados. A sanção decorre do não pagamento de uma dívida referente a comissões devidas a Adrián Ruocco, ex-agente do atacante argentino Jonathan Calleri, ligada à negociação que trouxe o ídolo de volta ao clube em 2021.
Segundo informações de bastidores e confirmações da própria diretoria, a pendência financeira gira em torno de 1,2 milhão de dólares, aproximadamente 5,3 milhões de reais na cotação atual. A dívida é reivindicada pela antiga agência que representava o atleta, a Bama (atualmente o jogador trabalha com a AIS Football), que levou o caso à Câmara de Resoluções de Disputas da Fifa.
O clube alegou que houve um desacordo quanto aos valores cobrados pelo agente, motivo pelo qual aguardou a decisão final da entidade máxima do futebol para proceder com o pagamento, que a diretoria promete realizar ainda nesta semana para liberar o sistema de registros antes da próxima janela de transferências.
Reincidência administrativa
Este é o segundo transfer ban sofrido pelo São Paulo apenas no ano de 2025. Em agosto, o clube já havia sido punido pela Fifa devido a atrasos no pagamento de parcelas referentes à compra do volante Damián Bobadilla junto ao Cerro Porteño, do Paraguai.
Naquela ocasião, a dívida era de aproximadamente 300 mil dólares, cerca de 1,6 milhão de reais, e a situação foi regularizada rapidamente, permitindo a inscrição de atletas como o lateral Maílton. Contudo, a repetição desse tipo de sanção em um curto espaço de tempo desgasta a imagem institucional do clube no mercado, sinalizando dificuldades recorrentes no fluxo de caixa e na honra de compromissos firmados em janelas anteriores.
Crise financeira
A punição da Fifa é apenas a ponta do iceberg de uma crise financeira que “explodiu” recentemente no clube. A dívida acumulada do São Paulo ultrapassou a barreira de 1 bilhão de reais, com déficits operacionais contínuos registrados no primeiro semestre de 2025. Especialistas em finanças do esporte apontam que o endividamento excessivo, que custa ao clube cerca de 200 milhões de reais por ano apenas em despesas financeiras, tem forçado a gestão a buscar empréstimos recorrentes para “trocar dívidas”, numa tentativa de manter o time competitivo.
Essa instabilidade nos bastidores parece ter atravessado os muros do CT da Barra Funda e atingido o desempenho da equipe no Campeonato Brasileiro. O time apresenta estatísticas preocupantes, figurando, por exemplo, como o segundo pior em finalizações na competição nacional, um reflexo técnico de um ano conturbado que também contou com a eliminação nas oitavas de final da Copa do Brasil e nas quartas de final da Libertadores.