Em um movimento raro até mesmo para os padrões de Wall Street, Larry Ellison, fundador da Oracle, viu sua fortuna crescer mais de US$ 40 bilhões em apenas dois dias. A disparada, equivalente a quase R$ 220 bilhões, o levou de volta ao segundo lugar no ranking dos bilionários da Forbes, ultrapassando Jeff Bezos e Mark Zuckerberg. Aos 80 anos, Ellison só está atrás de Elon Musk.
O salto foi impulsionado por uma valorização impressionante dos papéis da Oracle, que subiram 13% na quinta-feira, 12, e outros 7% na sexta, 13, fechando a semana em um recorde de US$ 215 por ação. O avanço adicionou US$ 104 bilhões ao valor de mercado da empresa, mais do que valem sozinhas companhias inteiras como a Intel ou a Nike.
Ellison é o maior acionista individual da empresa, com cerca de 41% das ações. Isso significa que qualquer oscilação significativa no valor dos papéis tem impacto direto sobre sua fortuna pessoal. E, no caso recente, o impacto foi monumental.
Fundada em 1977, a Oracle é um dos pilares da indústria de software corporativo. Durante décadas, teve sua imagem atrelada a grandes sistemas de banco de dados – infraestrutura crítica, mas pouco glamourosa diante do brilho de nomes como Google, Amazon e Meta. Agora, porém, a Oracle se reposiciona como protagonista na corrida da inteligência artificial. A empresa é uma das principais fornecedoras de infraestrutura em nuvem para grandes modelos de IA, competindo com Amazon Web Services, Microsoft Azure e Google Cloud.
Um dos principais trunfos tem sido a aliança com empresas emergentes do setor, incluindo a OpenAI. A Oracle também é parceira da startup Stargate, projeto conjunto com a OpenAI e o SoftBank que visa criar data centers gigantescos nos Estados Unidos dedicados exclusivamente a inteligência artificial. A aposta é que a Oracle possa suprir a enorme demanda de processamento exigida por modelos como o GPT, da OpenAI, um segmento que deve movimentar trilhões nos próximos anos.
Além do império empresarial, Ellison também cultiva relações políticas de alto nível. Amigo e aliado de Donald Trump, ele doou ao menos US$ 20 milhões para apoiar candidatos republicanos nas eleições de 2022, segundo a Forbes. A Oracle, aliás, transferiu sua sede da Califórnia para o Texas em 2020, movimento alinhado à retórica anti-regulatória que ganha força entre grandes bilionários do Vale do Silício.
Larry Ellison também tem histórico com Elon Musk. Ele integrou o conselho da Tesla entre 2018 e 2022.