A região Norte do Brasil pode abrigar um dos maiores conjuntos de pegadas de dinossauros já registrados. Pesquisadores da Universidade Federal de Roraima identificaram mais de cem marcas em rochas da Formação Serra do Tucano, no município de Bonfim, perto da fronteira com a Guiana. Algumas delas ultrapassam 1,5 metro de comprimento, dimensão próxima das maiores já catalogadas no mundo.
As marcas surgiram em grandes lajedos, formações de rocha plana que estavam parcialmente ocultas pela vegetação. O levantamento começou em 2011, quando estudantes de geologia observaram padrões circulares repetidos na superfície das rochas. À medida que avançaram o mapeamento, encontraram depressões de vários tamanhos e formatos, incluindo uma estrutura com três dedos, considerada uma das mais representativas do conjunto.
As marcas foram preservadas porque a região é composta por arenito endurecido por óxido de ferro, processo natural que protegeu as depressões do desgaste causado por chuva, vento e variações climáticas ao longo de milhões de anos. A estimativa é que as estruturas tenham mais de 110 milhões de anos. Como não foram encontrados fósseis associados às pegadas, ainda não é possível determinar quais espécies deixaram as marcas.
Há outros sítios na região?
Em 2012, outro conjunto de marcas foi localizado na Terra Indígena Jabuti, também no estado de Roraima. Ali, foram identificadas trilhas que chegam a dezenas de metros de extensão. A Funai autorizou recentemente a continuidade dos trabalhos no local, que deve ser incorporado à próxima fase da pesquisa.
Os levantamentos indicam que a região do rio Tacutu e áreas vizinhas podem abrigar ainda mais registros pré-históricos. O conjunto de Bonfim e o novo sítio de Jabuti sugerem que a área preserva condições geológicas favoráveis à fossilização de pegadas, o que abre caminho para novas descobertas.
Duas publicações descrevendo os achados já foram aprovadas para revistas científicas internacionais, e a equipe aguarda a divulgação dos artigos. O grupo pretende incentivar a criação de um parque geológico em Roraima, o que ajudaria a preservar os sítios e permitiria o avanço de estudos paleontológicos na região.