A Alternativa para a Alemanha (AfD), partido da ultradireita alemã, abriu uma investigação interna contra Alexander Eichwald, candidato à direção da nova ala juvenil do partido, após um discurso no sábado 31 que evocou diretamente a retórica de Adolf Hitler durante o congresso de fundação da Geração Alemanha, em Giessen. Com postura rígida e gestos associados a figuras como Hitler e Joseph Goebbels, ministro da Propaganda do Terceiro Reich, Eichwald conquistou 12% dos votos.
No palco, ele chamou os presentes de “camaradas de partido”, pronunciou o “R” de forma marcada e defendeu ser “dever nacional proteger a cultura alemã de influências estrangeiras”. O vídeo viralizou e foi comparado a comícios nazistas da década de 1930. Questionado se falava seriamente, disse que sim.
A repercussão dentro da própria sigla foi imediata. Delegados insinuaram que Eichwald poderia ser um infiltrado tentando sabotar o evento, enquanto outros cobraram seu afastamento. Na internet, surgiram referências ao suposto passado artístico do candidato sob o nome “Alex Oak”, além de fotos antigas que o mostrariam trabalhando em setores de igualdade de gênero. Eichwald rejeita todas as insinuações de performance satírica.
O copresidente da AfD, Tino Chrupalla, confirmou que Eichwald é filiado na Renânia do Norte-Vestfália, mas afirmou que ele se “distanciou dos princípios do partido”. A direção classificou o discurso como incompatível com os valores da sigla e anunciou revisão da filiação e de seus direitos internos. Em Herford, Eichwald já foi destituído do cargo de especialista cidadão em comissões municipais e passou a constar como independente.
Criada para substituir a antiga ala jovem, marcada por polêmicas, a Geração Alemanha pretendia representar renovação. Mas o congresso inaugural reforçou a percepção de radicalização, com candidatos defendendo “remigração em massa”, “troca de população” e deportações aceleradas, propostas recebidas com aplausos.