O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) decidiu rapidamente levantar bandeira branca nesta terça-feira, 2, para sua madrasta, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, após eles discordarem publicamente sobre a articulação do PL para a disputa ao governo do Ceará — ela apoia o senador Eduardo Girão (Novo-CE), que considera um bolsonarista fiel, e ele se aproximou do ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes (PSDB-CE), que já fez diversas críticas duras ao clã Bolsonaro.
A declaração de Flávio ocorreu após visita ao pai, que está preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília após ter sido condenado a 27 anos e três meses de prisão por liderar uma tentativa de golpe de estado. “Falei para ele [Jair Bolsonaro] que já me resolvi com a Michelle, pedi desculpas a ela, ela também [pediu a mim]. A gente vai ter uma reunião hoje no PL pra gente criar, na verdade, uma rotina de tomar as decisões em conjunto”, afirmou em entrevista coletiva logo após visitar o ex-presidente na prisão no início da tarde.
Na segunda-feira, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) publicaram posts criticando a atitude da primeira-dama, que em um evento público desautorizou a articulação conduzida no Ceará pelo deputado André Fernandes (PL-CE), com o aval do próprio Bolsonaro — leia a matéria aqui.
Como resposta, a primeira-dama publicou uma longa nota nas redes sociais no início da madrugada desta terça-feira, 2, dizendo que não vai negociar seus valores. ”Respeito a opinião dos meus enteados, mas penso diferente e tenho o direito de expressar meus pensamentos com liberdade e sinceridade. Antes de ser uma líder política, eu sou mulher, sou mãe, sou esposa e, se tiver que escolher entre ser política, mãe ou esposa, ficarei com as duas últimas opções”, escreveu — leia a matéria completa aqui.
Junto da nota, Michelle também publicou uma série de vídeos e notícias que mostram Ciro Gomes criticando Bolsonaro duramente os últimos anos. Para ela, o político cearense “foi responsável por implantar a narrativa que rotulou” Bolsonaro de genocida. “Diante de todas as atrocidades, calúnias e difamações que Ciro Gomes lança contra mim, contra o meu marido e contra os meus enteados, seguimos firmes na verdade. Nada disso muda quem somos, nem o propósito que Deus nos confiou. Jamais negociarei os meus valores”, declarou.
A divergência pública é mais um episódio da disputa familiar pelo espólio eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começou na semana passada a cumprir a pena de 27 anos de prisão por tentar um golpe de Estado e ainda não apontou um sucessor. Agora, o político depende da sua relação com mulher e filhos para tentar influenciar o jogo político de 2026.