A Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau afirmou nesta terça-feira, 2, que não será possível concluir a apuração da eleição presidencial devido ao roubo de equipamentos e atas por homens armados no dia 26 de novembro, quando militares deram um golpe de Estado no país africano.
“Não temos condições materiais e logísticas para dar continuidade ao processo eleitoral”, afirmou o porta-voz da CNE, Idrissa Djalo, por meio de um comunicado nas redes sociais.
A invasão aconteceu um dia antes da divulgação dos resultados preliminares das eleições, que ocorreram no dia 23 de novembro. Homens encapuzados invadiram as instalações da CNE, onde renderam as 45 pessoas e se apoderaram de seus pertences pessoais. Em seguida, eles apreenderam computadores, documentos e atas de apuração eleitoral.
Segundo Djalo, o presidente da CNE, Mpabi Cabi, já transmitiu à missão oficial da Comunidade Econômica e Estados da África Ocidental em Guiné-Bissau que será impossível continuar com a apuração eleitoral. A organização que fiscaliza pleitos já havia anunciado a suspensão do país em decorrência do golpe militar da semana passada, que destituiu o presidente Umaro Sissoco Embaló e suspendeu o processo democrático.
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Líder do país desde 2020, Embaló disputava a reeleição contra seu principal opositor, Fernando Dias, em uma eleição presidencial instável, marcada por reivindicações de vitórias no primeiro turno pelos dois candidatos e apontamentos de que o atual presidente havia ultrapassado o limite de seu mandato.
Antes da divulgação dos resultados do segundo turno, o pleito foi suspenso por uma junta militar, que derrubou o presidente Embaló e fechou as fronteiras do país. Em comunicado, os oficiais do Exército disseram ter assumido o controle de Guiné-Bissau até novo aviso, no mais recente abalo à democracia no país, onde instabilidade política é uma constante desde 1974, quando conquistou a independência de Portugal.