A ONG internacional Human Rights Watch (HRW) enviou uma carta à Federação Internacional de Futebol (Fifa) pedindo explicações sobre o recém-criado “Prêmio da Paz”, que será entregue nesta sexta-feira, 5, durante o sorteio dos grupos da Copa do Mundo de 2026, em Washington, nos Estados Unidos.
Anunciado em 5 de novembro, o “Prêmio da Paz da Fifa” foi apresentado pelo presidente da federação, Gianni Infantino, como uma homenagem a indivíduos que “unem pessoas em prol da paz”. A entidade divulgou uma nota afirmando que o troféu representa mais de “cinco bilhões de apaixonados por futebol”. Mas faltaram justamente as informações básicas: quais são os critérios de avaliação, quem define os indicados e como funciona o processo de escolha.
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Incomodada com a falta de transparência, a HRW enviou uma carta a Infantino com questionamentos sobre a seleção do premiado. A ONG, no entanto, ficou sem resposta. Segundo reportagem do portal esportivo The Athletic, parte do New York Times, nem mesmo o próprio Conselho da Fifa, composto por 37 dirigentes, foi consultado sobre a criação da honraria. Muitos membros souberam do prêmio pela imprensa.
A data do anúncio também chamou atenção. No mesmo dia, o presidente da Fifa participou de um evento em Miami ao lado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, figura que Infantino elogia com frequência. Semanas mais tarde, ele esteve presente em um jantar de Trump com lista de convidados inusitada: o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman; o magnata Elon Musk, executivos de tecnologia e criptomoedas; apresentadores da emissora conservadora Fox News; e o jogador Cristiano Ronaldo.
Em outubro, Infantino chegou a escrever no Instagram que Trump “definitivamente merece o Prêmio Nobel da Paz” por sua atuação no cessar-fogo entre Israel e Gaza. Perguntado no evento sobre as chances de o republicano receber o novo prêmio, disse: “Vocês verão”.