counter No Líbano, papa Leão XIV se une a líderes religiosos em apelo pela paz e critica ‘conflitos cruéis’ – Forsething

No Líbano, papa Leão XIV se une a líderes religiosos em apelo pela paz e critica ‘conflitos cruéis’

Em visita ao Líbano, o papa Leão XIV apelou nesta segunda-feira, 1°, aos líderes de diferentes vertentes religiosas para que demonstrem como pessoas das comunidades cristã, muçulmana sunita, muçulmana xiita e drusa podem “viver juntas e construir um país unido pelo respeito e pelo diálogo”. Ele também exortou as autoridades espirituais a perseverarem nos esforços de paz em meio aos efeitos catastróficos da guerra entre Israel e a milícia libanesa Hezbollah, em outubro do ano passado, e os contínuos ataques israelenses ao país.

O roteiro por Beirute segue a ida à Turquia, onde Leão conheceu o presidente Recep Tayyip Erdoğan em Ancara. Ele também foi à cidade turca de Iznik, local da antiga cidade de Niceia. Por lá, reuniu-se com líderes de outras tradições cristãs para celebrar um concílio que ocorreu no local há 1.700 anos, quando mais de 200 bispos afirmaram a crença de que Jesus era o filho de Deus, no que ficou conhecido como Credo Niceno. Mais tarde, os ramos oriental e ocidental do cristianismo se dividiriam drasticamente.

Na segunda etapa da sua primeira viagem ao exterior desde que foi eleito em maio, o pontífice visitou a Praça dos Mártires, em Beirute, e instou os líderes religiosos a atuarem como “construtores da paz”. Representantes libaneses das comunidades alauíta e drusa, que foram afligidos por uma onda de violência na Síria neste ano, também discursaram no evento. Entre eles, Mohammed Saleh pediu “humildemente” a Leão para que “ele se lembre em suas orações da comunidade alauíta no Oriente Médio”.

O papa também visitou o túmulo de São Charbel, um santo católico venerado na região, e de lá seguiu para Harissa, santuário no topo de uma montanha com vista para o Mediterrâneo. O local é conhecido pela estátua da Virgem Maria olhando para Beirute. Leão foi recebido por gritos de “Viva il Papa” (Viva o papa, em português) pela multidão, que se aglomerava para ver o chefe da Santa Sé.

No santuário, Leão ouviu depoimentos de imigrantes que vivem no Líbano. Loren Capobres, uma filipina que vive no país há 17 anos, esteve entre aqueles que dividiram como foram suas vidas durante a guerra. Em resposta, o americano disse que histórias como a dela destacam a importância de “tomar uma posição para garantir que ninguém mais tenha que fugir de seu país devido a conflitos cruéis e sem sentido”.

Continua após a publicidade

+ Papa Leão XIV chega à Turquia para primeira viagem internacional; entenda escolha

Viagem planejada por Francisco

A viagem — planejada pelo papa Francisco, mas não realizada devido aos seus problemas de saúde — buscará destacar a importância da união, do respeito e do diálogo inter-religioso. Mais comedido que seu antecessor, o pontífice enfrentou críticas de conservadores e progressistas desde que foi eleito em maio. Acredita-se que Leão foi escolhido justamente por conseguir dialogar com os dois lados da Igreja, dividida pelas opiniões fortes de Francisco.

Beirute tenta se reerguer de uma profunda crise econômica desde 2019, agravada pela guerra entre Israel e Hezbollah. Segundo o Banco Mundial, a destruição provocada pelo conflito é estimada em US$ 3,4 bilhões, ao passo que as perdas econômicas foram calculadas em US$ 5,1 bilhões adicionais. O valor, somado, representa 40% do Produto Interno Bruto (PIB) do Líbano. O país, inclusive, abriga 1 milhão de refugiados sírios e palestinos.

Continua após a publicidade

Embora de maioria muçulmana, um terço dos libaneses é cristão. Isso significa que o país reúne a maior população cristã do Oriente Médio. Cerca de 15 mil jovens se reuniram para um evento com Leão nesta segunda em frente à sede da Ordem Católica Maronita. O vice-presidente do Conselho Supremo Islâmico Xiita, Sheikh Ali al-Khatib, agradeceu ao pontífice pela visita e afirmou que o Líbano lida com muitas feridas abertas “como resultado dos contínuos ataques de Israel”.

No último dia da viagem, Leão comandará uma missa na orla de Beirute, no local da explosão portuária de 2020. Ele rezará pelas mais de 200 pessoas que morreram e pelas outras 7.000 que ficaram feridas. O papa visitará, ainda, um hospital psiquiátrico administrado pela Igreja Católica no país.

Publicidade

About admin