Um tribunal de Lyon, na França, condenou nesta segunda-feira, 1º, o prefeito de Saint-Étienne, Gaël Perdriau, a quatro anos de prisão por comandar um esquema de chantagem política que usou um vídeo sexual para controlar seu então vice-prefeito, Gilles Artigues. A sentença prevê ainda cinco anos de inelegibilidade, válidos de imediato. Perdriau nega ter ordenado a gravação.
O caso remonta a 2015, quando Artigues, católico praticante e crítico do casamento gay, foi filmado em um encontro com um suposto garoto de programa em um quarto de hotel. Segundo a investigação, o material foi utilizado por quase uma década para garantir sua submissão política. O ex-vice, hoje com 60 anos, relatou ter vivido um “pesadelo”.
Durante o julgamento, a promotoria afirmou que Perdriau encomendou o vídeo e ameaçou divulgá-lo caso o aliado desafiasse sua gestão. A procuradora Audrey Quey disse que o prefeito “estava com o dedo no botão nuclear”. O esquema envolveu ainda o chefe de gabinete de Perdriau e outro adjunto, que admitiram participação na emboscada e também receberam penas de prisão.
A corte considerou comprovado que o prefeito participou ativamente da trama e utilizou verbas públicas para financiá-la. Em 2017, Artigues chegou a apresentar um áudio em que Perdriau menciona possuir um pen drive com imagens comprometedoras e ameaça torná-las públicas. Após o veredito, ele reafirmou sua inocência e anunciou que vai recorrer da decisão.
Em depoimento, o ex-vice relatou que se sentiu “paralisado” em reuniões na prefeitura e descreveu ter agido como um “fantoche” dentro da administração. Disse também ter enfrentado pensamentos suicidas.
Na França, prefeitos e adjuntos não concorrem em chapas, como no Brasil: a população elege o conselho municipal, responsável por escolher o prefeito e seus representantes entre seus membros. Assim, Perdriau e Artigues eram adversários políticos que acabaram obrigados a trabalhar juntos.
