Diante da distante e improvável reabilitação de Jair Bolsonaro para disputa da eleição presidencial de 2026, o principal adversário de Luiz Inácio Lula da Silva no pleito deve ser Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo. Como mostra reportagem de VEJA na edição desta semana, ao menos é isso o que deseja os caciques de partidos como PL, PP, União Brasil, MDB, PSD e Republicanos, que gostariam de criar uma espécie de frente ampla contra o petista no próximo pleito nacional.
Uma eventual pulverização de candidaturas presidenciais à direita no primeiro turno, que já foi defendida por alguns nomes desse espectro político, já é vista como ultrapassada por alguns caciques que pretendem juntar forças em torno de um nome apenas já nos primeiros meses do ano que vem de maneira pública.
Reservadamente, há pressão para que o candidato seja definido no meio político até o fim de dezembro. “Hoje, o único que consegue se viabilizar é o Tarcísio”, disse uma das lideranças partidárias a VEJA. Na avaliação dele, os governadores Ronaldo Caiado (Goiás), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ratinho Jr (Paraná) não conseguiram chegar ao nível de articulação de Tarcísio. “O mais próximo da articulação nacional é o Ratinho”, disse o interlocutor.
Caciques com Tarcísio
Entre os caciques que articulam para que Tarcísio seja apontado como o candidato da direita estão o senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP; Antonio Rueda, presidente do União Brasil; o deputado Baleia Rossi, presidente do MDB; o deputado Marcos Pereira, presidente do Republicanos; e Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD que, em tese, tem dois pré-candidatos à Presidência da República: Ratinho Jr. e Eduardo Leite.
Mais filiados
Do lado oposto do PT, a federação PP-União é a que mais reúne filiados: 2.375.470 integrantes. Na sequência, o MDB conta mais de 2 milhões de adeptos. Já o PL conta com pouco mais de 893 mil pessoas em seus quadros, enquanto Republicanos (565 mil) e PSD (465 mil). A título de comparação, a frente PT, PCdoB e PV contam com 2.391.066 filiados — destes, mais de 1,6 milhão são petistas.
A força partidária daqueles que querem Tarcísio no enfrentamento contra Lula também é demonstrada no número de parlamentares no Congresso Nacional. Na Câmara dos Deputados, por exemplo, o presidente da Casa é o paraibano Hugo Motta, filiado ao Republicanos. No Senado, o comando está nas mãos de Davi Alcolumbre, do União Brasil. Entre os 513 deputados, 242 são de legendas com grande número de apoiadores do nome de Tarcísio. Na Casa vizinha, 57 dos 81 membros estão nesses partidos. “A eleição será dura, mas não se pode afirmar que está garantida para o Lula”, afirmou um cacique.