O presidente do PT, Edinho Silva, afirmou no começo da tarde desta segunda-feira, 1º, que Brasil precisa de uma política de segurança pública, mas não se pode aplaudir ações como a do Rio de Janeiro que terminou com mais de 120 mortos em outubro último. “Isso mostra que o Estado falhou, que o Estado não teve políticas públicas para disputar com o crime organizado adolescentes que foram excluídos de qualquer oportunidade”, disse.
A declaração ocorre enquanto o governo Lula avalia a criação de uma nova força de segurança federal para atuar no combate às facções criminosas, como Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV). Trata-se da Guarda Nacional Permanente de Caráter Civil, corporação sugerida pelo PT para substituir a Força Nacional de Segurança Pública, que hoje existe apenas como um programa de cooperação entre o Ministério da Justiça e as polícias estaduais e bombeiros.
A proposta da Guarda Nacional consta em uma cartilha de segurança pública divulgada pela Fundação Perseu Abramo, instituto de formação política do PT. Segundo o documento, a nova instituição seria uma corporação policial uniformizada e de caráter ostensivo, diretamente subordinada à União, com competência para “atuar em todo território nacional, em especial nas Fronteiras e na Amazônia Legal”.
O ex-prefeito de Araraquara (SP) ainda disse que a política de enfrentamento armado, como a registrada no final de outubro no Rio. “Nós deveríamos ter vergonha com do que aconteceu, corpos de jovens negros expostos com sinal de falência governamental, da não existência de políticas públicas nos territórios, e não fazer coro para um senso comum hegemonizado pelo discurso de uma elite hipócrita”, afirmou na continuação de sua publicação. “Eu sei que enfrentar a opinião pública não é fácil, mas é para isso que o PT existe, para defender o que correto, estar do lado certo da história.”
Reunião no Planalto
A fala de Edinho ocorre no mesmo momento em que o presidente Lula, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e os quatro ministros mais importantes da articulação política para 2026 — Gleisi Hoffman (Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda) e Sidônio Palmeira (Secom) — estavam reunidos no Palácio do Planalto exatamente para discutir o tema da segurança pública.
Nesta semana devem avançar no Congresso a PEC da Segurança Púbica, que dá mais poder ao governo federal no combate ao crime organizado, e o PL Antifacção, que foi aprovado com muitas mudanças na Câmara e agora vai começar a tramitar no Senado.
Segundo pesquisas eleitorais recentes, a segurança pública é hoje a principal preocupação dos brasileiros e deve ser tema central na campanha eleitoral do ano que vem, quando Lula irá tentar o seu quarto mandato.