A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), principal aliança militar ocidental, tem considerado ser “mais agressiva” contra a guerra híbrida travada pela Rússia — uma estratégia que combina tática militares com outras variadas, como campanhas de desinformação e ciberataques. A informação foi divulgada nesta segunda-feira, 1°, pelo presidente do comitê militar da Otan, Giuseppe Cavo Dragone, ao jornal britânico Financial Times.
“Estamos estudando tudo… Em relação à segurança cibernética, temos uma postura mais reativa. Ser mais agressivo ou proativo em vez de reativo é algo que estamos considerando”, disse Dragone.
Nos últimos meses, a Europa foi atingida por uma série de incidentes relacionados à guerra híbrida, incluindo cortes de cabos no Mar Báltico e ciberataques. Alguns dos episódios foram, de fato, rastreados até Moscou, mas parte deles ainda é considerada de origem incerta. A suposta ofensiva russa tem levado diplomatas a instarem a Otan a adotar uma posição retaliatória. Mas, segundo o Financial Times, implementar algum tipo de resposta a sabotagens ou invasões com drones seria mais complexo do que em casos de ataques de hackers.
Por sua vez, Dragone afirmou que um “ataque preventivo” poderia ser considerado uma “ação defensiva”, mas seria uma opção “muito distante” da “maneira normal de pensar e agir” da aliança, acrescentando: “Ser mais agressivo em comparação com a agressividade da nossa contraparte poderia ser uma opção. (As questões são) o quadro legal, o quadro jurisdicional, quem vai fazer isso?”.
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Mudanças no flanco leste
Desde setembro, drones romperam os céus da Polônia, Romênia, Estônia e Bélgica, parte do que a Europa entende como uma guerra híbrida. Na última terça-feira, 25, caças romenos e alemães da Otan foram enviados nesta terça-feira, 25, para a fronteira da Romênia com a Ucrânia em resposta a uma incursão de drones no espaço aéreo de Bucareste — classificada pelo seu governo como uma provocação russa, em nova escalada das tensões no flanco leste europeu.
O ministro da Defesa romeno, Ionut Mosteanu, informou que os pilotos da Otan estiveram prestes a abater um drone que entrou repetidamente no espaço aéreo do país, mas recuaram devido à possibilidade de destroços causarem danos em terra. Mais tarde, fragmentos de drones sem carga explosiva foram encontrados no território. Dispositivos russos atacaram portos ucranianos ao longo da noite, perto da divisa com a Romênia, de 650 km de extensão, que fica do outro lado do rio Danúbio.
Em visita às tropas americanas na base aérea Mihail Kogalniceanu, na Romênia, o comandante do Exército dos Estados Unidos na Europa e na África, o Christopher Donahue, afirmou que uma nova capacidade de abater drones será implementada no país europeu. Ele disse que testes foram realizados e que “a tecnologia está na fase final de implementação”, acrescentando: “Soldados romenos e de outras alianças foram treinados nessa capacidade e sei que vocês verão essa tecnologia no Delta (do Danúbio) muito em breve.”
No mês passado, a Romênia anunciou que os Estados Unidos planejam reduzir o número de tropas no flanco leste da Otan. Acredita-se que apenas cerca de 900 dos 1.700 militares americanos permaneçam na região, alvo de uma série de incursões de drones russos em setembro. O “redimensionamento”, como definiu Bucareste, era esperado e reflete uma mudança de prioridade do presidente dos EUA, Donald Trump, que enviou forças para o Caribe e Pacífico em cerco ao narcotráfico.