counter Selic inabalável: Galípolo reforça tom duro e frustra governo e Faria Lima – Forsething

Selic inabalável: Galípolo reforça tom duro e frustra governo e Faria Lima

Num país acostumado a ciclos bruscos de aperto e afrouxamento monetário, a mensagem de Gabriel Galípolo nesta segunda-feira, 1, soou quase como um manifesto pela imobilidade. Falando em evento promovido pela XP, em São Paulo, o presidente do Banco Central afirmou que “não há qualquer tipo de adição ou modulação em relação a minha última fala na quinta-feira” capaz de alterar a perspectiva de manter a taxa Selic “no atual patamar de 15% ao ano”. O tom, firme e pouco dado a nuances, pareceu direcionado tanto aos mercados financeiros quanto ao próprio governo, que pressiona por juros mais baixos para animar a economia combalida.

A insistência em manter o discurso imutável ocorre num momento em que parte do governo, especialmente a ala mais política do Planalto, aposta num relaxamento monetário para recuperar o crescimento antes das eleições municipais.

O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira ofereceu um sopro de alívio: a projeção de inflação de 2025 caiu de 4,45% para 4,43%; a de 2026, de 4,18% para 4,17%. Com essas revisões, a inflação entra dentro do limite da meta, que é de 4,5%. Mas nem isso foi capaz de mudar o discurso de Galípolo.

A estratégia de manter os juros altos pelo “tempo que for necessário” não é isenta de riscos. Juros altos por muito tempo podem esfriar demais a economia, afetar o crédito e inibir investimentos. Mas cortar cedo demais poderia reacender a inflação e corroer a credibilidade duramente conquistada nos últimos anos. Em Brasília, o jogo político pressiona por um desfecho; na Faria Lima, o mercado opera entre a cautela e o ceticismo.

Por enquanto, Galípolo parece confortável interpretando o papel de guardião austero. A pergunta, como sempre no Brasil, não é se a taxa Selic vai cair, mas quando e a que custo político e econômico.

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