Dezembro nunca chega sozinho. Traz festas, férias, menor liquidez e, com isso, um pé atrás de parte do mercado que teme um mês mais volátil — especialmente em bolsas emergentes como a brasileira, onde qualquer oscilação de fluxo pode virar turbulência. A leitura é simples: menos investidores operando significa menos fôlego para absorver movimentos bruscos. Mas há quem veja exatamente o oposto. Para muitos agentes, o Santa Claus rally pode sim ganhar corpo nos próximos dias, embalado muito mais pelo cenário internacional do que pelo humor doméstico.
Lá fora, o Federal Reserve já deixou no ar que pode continuar o ciclo de redução dos juros na reunião do dia 10 de dezembro. Isso abre espaço para apetite por risco em mercados emergentes — Brasil incluso. Mas o mundo não vive só de otimismo: o acordo de paz entre Rússia e Ucrânia, costurado pelos Estados Unidos e acompanhado de perto pela União Europeia, pode melar a qualquer momento. E Donald Trump segue no modo imprevisível: depois de anunciar o fechamento do espaço aéreo da Venezuela, disse agora que conversou por telefone com Nicolás Maduro, alimentando mais perguntas do que respostas.
Por aqui, o foco vira os indicadores que antecedem o IPCA, como o IPC-S e o IGP-DI da FGV, além do IPC da Fipe — todos importantes para medir o pulso da inflação antes do número oficial. E de quebra, ainda tem o clima pesado no Congresso em que os presidentes da Câmara e do Senado tendem a dificultar ainda mais a vida do governo. Seja bem-vindo, dezembro!