Uma pesquisa divulgada pelo instituto AtlasIntel em parceria com a agência de notícias Bloomberg nesta sexta-feira, 28, mostrou que o candidato de direita José Antonio Kast, do Partido Republicano, lidera com ampla maioria as intenções de voto para o segundo turno das eleições presidenciais do Chile, em 14 de dezembro. Ele registra mais de 20 pontos percentuais na comparação com sua rival, a candidata da coalizão de esquerda Jeannette Jara, do Partido Comunista.
Com 56,9% das intenções de voto, Kast registra a diferença mais expressiva em todas as comparações feitas até agora para um segundo turno entre ele e Jara, que tem o apoio de 35% dos eleitores. Embora tenha sido apontado como vencedor na disputa em todos os cenários anteriores, a distância nunca havia passado de 12 pontos percentuais. No atual cenário, mesmo se a candidata de esquerda conseguir o apoio do eleitorado que pretende votar branco ou nulo (8,1%), ela não superaria Kast no pleito.
A pesquisa desta sexta também foi a primeira na qual o postulante direitista ao Palácio de La Moneda é visto sob uma ótica positiva pela maioria dos chilenos, com aprovação de 52%. Por outro lado, somente 35% dos eleitores veem Jara com bons olhos. Embora tenha saído vitoriosa no primeiro turno, com 26% dos votos, a candidata de esquerda herda a desaprovação do governo de seu aliado, o presidente Gabriel Boric.
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De acordo com o levantamento da Atlas/Bloomberg, 63,9% dos eleitores desaprovam o mandato de Boric e 55,6% avaliam seu governo como ruim ou muito ruim. A visão negativa sobre a administração do líder de esquerda é constante desde janeiro de 2024, mas atingiu a disparidade mais elevada neste mês, alcançando uma diferença próxima de 30 pontos percentuais.
Entre os principais problemas apontados pela população, o primeiro lugar fica com a corrupção, seguido por insegurança gerada pela criminalidade e pelo narcotráfico, e os altos preços combinados com a inflação. Na visão dos chilenos, a situação econômica do país é calamitosa, com 49% afirmando que suas famílias estão passando por dificuldades, e com 68% vendo o mercado de trabalho em más condições.
Mudança política na América do Sul
Caso Kast confirme seu favoritismo e se torne o novo presidente do país, o tabuleiro político da América do Sul será igualado entre líderes de esquerda e de direita.
Embora o continente tenha sido guiado por lideranças de esquerda ao longo do século XXI, a tendência tem mudado nos últimos anos, com nomes da direita e da extrema-direita ganhando força — em um movimento que emula o visto na Europa. Nesse momento, cinco dos 12 países são liderados por políticos direitistas, mas a vitória de Kast pode tornar o cenário igual para ambos os espectros.
Veja quais países são governados por líderes de esquerda ou de direita no atual momento:
ESQUERDA (7)
- Brasil – Luiz Inácio Lula da Silva
- Chile – Gabriel Boric
- Colômbia – Gustavo Petro
- Guiana – Irfaan Ali
- Suriname – Jennifer Simons
- Uruguai – Yamandú Orsi
- Venezuela – Nicolás Maduro
DIREITA (5)
- Argentina – Javier Milei
- Bolívia – Rodrigo Paz
- Equador – Daniel Noboa
- Paraguai – Santiago Peña
- Peru – José Neri