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Um copo cheio de vida

Estamos, novamente, às portas de dezembro. Junto das luzes, decorações e do ambiente natalino que dominam as ruas e o comércio, chega também o desejo de reunião típico da temporada. Queremos encontrar quem não vimos e celebrar tudo de bom que vivemos com quem esteve por perto. O fim do ciclo é motivo para comemorar. A expectativa do novo também. Vêm as confraternizações de equipe e as hap­py hours embaladas pelo calor humano — ao qual o verão acrescenta dose extra. Mas, ao que parece, “doses extras” literais não são a tônica.

Aqui e ali, as notícias surgem, dando conta de uma novidade. Muitas pessoas estão escolhendo brindar sem álcool ou, se não totalmente “zero”, com muito mais moderação. E, segundo indicam novos estudos, a motivação para isso não vem de pressão moral, mas da inclinação por um estilo de vida mais saudável. Segundo uma pesquisa recém-publicada, 64% dos brasileiros não ingeriram uma gota de álcool neste ano. Os que mais restringiram o consumo foram os jovens. Logo eles, que são sempre mais associados à quebra de regras. Quem diria? Bom, na verdade, os tempos diriam. As novas gerações cresceram expostas a uma quantidade de informação nunca antes vista. A saúde como um todo, e em especial a mental, adquiriu grande relevância para os jovens, e, com isso, cresceu a consciência de que os efeitos do álcool são mais duradouros do que o mal-estar de uma ressaca. Saber disso pesa na hora de escolher a forma de diversão. Não só para esse grupo, mas também para os mais velhos, o apreço por uma vida mais saudável se manifesta. Até porque o corpo impõe.

“Cada vez mais a coquetelaria vem propondo drinques abstêmios sofisticados”

Conforme passam os anos, o metabolismo fica mais sensível ao álcool. Não importando a idade, beber menos significa priorizar o bem-estar. É importante dormir bem e ter clareza mental para aproveitar a vida de maneira íntegra, nos momentos de festa e fora deles. Há anos campanhas vêm advogando pelos benefícios dessa atitude. Algumas nasceram justamente como uma espécie de compensação pelos excessos da época de festas. É o caso do Drynuary, apelido de Dry January, “janeiro seco”, invenção britânica que se popularizou em outros países. Como o nome indica, consiste em passar o mês inteiro sem bebidas alcoólicas.

Outros movimentos se alinham com as novas pesquisas, segundo as quais é impossível determinar uma dose segura de álcool. Nessa linha, o melhor seria entender a celebração, a alegria e o relaxamento de forma dissociada dos efeitos da bebida ou, ao menos, deixar os drinques para ocasiões isoladas. Não significa que seja preciso passar a água. Atento à tendência, o mercado se ajusta. Cada vez mais a coquetelaria vem propondo drinques abstêmios sofisticados. Em países como o Canadá, bares “zero” já não são mais tão raros. E, em vários lugares, eventos como festas dançantes e festivais de música promovem encontros diurnos e livres de álcool. Esta época do ano é propícia a buscar propósitos e renovação. É quando nos propomos desafios e metas. Sabemos que o que é radical dificilmente funciona, mas que tal se pensarmos que, neste dezembro, podemos ao menos buscar um ou outro encontro movido apenas pela alegria de estar junto? De minha parte, ergo um brinde à ideia!

Publicado em VEJA de 28 de novembro de 2025, edição nº 2972

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