Em passagem por São Paulo, o ex-primeiro-ministro israelense Naftali Bennet, que comandou o país pelo curto período de junho de 2021 a junho de 2022, afirmou que, internacionalmente, “a marca Israel está prejudicada”, em meio à guerra em Gaza contra o grupo militante palestino Hamas.
“Quando as pessoas pensam em Itália, elas pensam em pizza. Quando pensam no Brasil, pensam em futebol. Quando as pessoas pensam em Israel, pensam em genocídio. Nós não vamos ser amados, mas podemos ser respeitados por nossos amigos e temidos por nossos inimigos”, disse durante evento na noite de quarta-feira, 26, na Hebraica SP.
Segundo Bennet, um caminho é “fazer com que países precisem de Israel”.
“Quando eu era primeiro-ministro, meu projeto predileto era um laser antimíssil que seria muito barato. Precisamos de propriedade intelectual, de controle acionário. Se a Espanha ou a Irlanda mexerem conosco, não poderão ter o laser. Não podem nos desafiar na ONU e depois virem nos pedir um favor”, disse.
Ainda no tópico das relações com outros países, o político falou sobre o governo Lula. Para ele, o presidente brasileiro, em seus mandatos anteriores, “era muito apoiador da comunidade israelense e tínhamos uma relação muito boa”.
“Mas ele foi muito errado em comparar a guerra em Gaza ao Holocausto. Rebaixamos laços diplomáticos, mas com empresas privadas os negócios seguem como sempre”, completou.
No começo do ano passado, Tel Aviv chegou a declarar Lula persona non grata. O brasileiro sustenta que o governo brasileiro tem problemas com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, não com Israel enquanto país, e que há de fato um genocídio — termo que ainda enfrenta resistência dado o peso do crime, mas que tem ganhado cada vez mais espaço em meio a denúncias como a de Francesca Albanese, relatora especial da ONU para os territórios palestinos ocupados, que falou a VEJA sobre o tema.
Em meio às críticas ao governo Netanyahu, Bennet citou uma “negligência grosseira”.
“O atual governo é muito ruim: ódio, polarização, divisão. O atual governo faz com que israelenses briguem entre si. Precisamos substitui-lo, ele não está tomando responsabilidade”, afirmou, citando a necessidade, o mais rápido possível, de um inquérito nacional sobre os ataques do Hamas de 7 de outubro de 2023 para investigar possíveis erros.
Atualmente, Hamas e Israel seguem um cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos, em vigor desde outubro, após quase dois anos de conflito. Mesmo com a trégua, o Ministério da Saúde de Gaza afirma que 342 palestinos foram mortos por tropas israelenses desde então. Israel registrou a morte de três soldados por disparos de militantes no mesmo período.
Nesta terça, Hamas e Jihad Islâmica devolveram os restos mortais de mais um refém israelense, encontrados em Nuseirat. Com o início da trégua, os combatentes entregaram 25 corpos de reféns, enquanto Israel repatriou 330 corpos de palestinos, a maioria ainda sem identificação.