A moda perde uma de suas figuras mais vibrantes: Pam Hogg, a estilista autodidata de cabelo amarelo ácido, que ajudou a moldar a cena underground britânica desde os anos 1980, morreu nesta quarta-feira, 26, em Londres. A família anunciou o falecimento nas redes sociais, agradecendo aos amigos próximos e à equipe do St. Joseph’s Hospice, que acompanhou seus últimos dias. A causa não foi divulgada.
Escocesa de Paisley e formada em artes antes de desembarcar na fervilhante Londres do pós-punk, Pam virou presença incontornável do Blitz — berço dos New Romantics — e logo ganhou status de culto com seus catsuits de látex, silhuetas esculturais e casacos peludos em arco-íris. Suas peças, vendidas no lendário Kensington Market, conquistaram musas que iam de Debbie Harry e Siouxsie Sioux a Kylie Minogue, Lady Gaga, Rihanna e Björk.
Símbolo de uma criatividade sem freios, a designer costurava tudo sozinha e produzia roupas com precisão. Kylie Minogue eternizou um de seus bodysuits no clipe de “2 Hearts”; Siouxsie Sioux rodou o mundo usando seus figurinos. “Toda mulher que veste um dos meus catsuits se sente poderosa”, disse a cantora ao Guardian, em 2018.
Fora das passarelas, ela transitou pela música — com bandas que abriram shows de Debbie Harry e The Raincoats — e pelo cinema, com o filme “Accelerator”. Nos anos 2010, voltou às semanas de moda com desfiles tão performáticos quanto politizados. Levou causas sociais para a passarela, da defesa dos direitos LGBTQIA+ à homenagem a Vivienne Westwood, Sinéad O’Connor e ao Pussy Riot, além de coleções que denunciaram conflitos e crises humanitárias. Pam deixa uma obra que marcou gerações e um legado que segue desafiando convenções — exatamente como ela sempre fez com seu humor, sua rebeldia e sua energia inesgotável.

