Um promotor no estado da Geórgia arquivou nesta quarta-feira, 26, o último caso pendente contra o presidente Donald Trump por tentativa de interferência nas eleições de 2020. As acusações de extorsão foram apresentadas contra Trump e outras 18 pessoas em agosto de 2023 pela promotora distrital do condado de Fulton, Fani Willis. Isso significa que o republicano conseguiu escapar de todos os processos judiciais que tentavam responsabilizá-lo por buscar reverter o resultado do pleito, que alçou o democrata Joe Biden à Casa Branca.
“Dada a complexidade das questões jurídicas envolvidas — que vão desde questões constitucionais e a Cláusula de Supremacia até imunidade, jurisdição, foro, preocupações com o julgamento célere e acesso a registros federais — e mesmo supondo que cada uma dessas questões fosse resolvida a favor do Estado, levar este caso a júri em 2029, 2030 ou mesmo 2031 seria um feito notável”, afirmou Peter Skandalakis na decisão.
Skandalakis também disse que chegou a considerar julgar primeiro os co-réus com o intuito de tentar julgá-los primeiro, enquanto Trump ainda está no poder. No entanto, ele argumentou que isso “seria ilógico, excessivamente oneroso e custoso para o Estado e para o Condado de Fulton”, acrescentando: “Em meu julgamento profissional, os cidadãos da Geórgia não se beneficiam se este caso for levado adiante por mais cinco a dez anos.”
A investigação foi aberta no início de 2021 e se concentra nos esforços de Trump para pressionar as autoridades da Geórgia a interferir na contagem dos votos, devido a um suposto esquema de “eleitores falsos” para subverter o Colégio Eleitoral. Foi lá que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em um telefonema divulgado pelo jornal americano The Washington Post, pediu ao secretário de Estado da Geórgia, o republicano Brad Raffensperger, que “encontrasse” votos suficientes para reverter sua derrota.
“Tudo que eu quero é isso. Só quero encontrar 11.780 votos, um a mais do que temos”, disse Trump no telefonema.
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‘Decisão não é guiada por agenda’
Além disso, Skandalakis indicou que “ao contrário dos familiares que precisam tomar a difícil decisão de desligar os aparelhos que mantêm seus entes queridos vivos, eu não tenho nenhum vínculo emocional com este caso”.
“Como ex-funcionário eleito que concorreu tanto pelo Partido Democrata quanto pelo Partido Republicano e que agora é o Diretor Executivo de uma agência apartidária, esta decisão não é guiada pelo desejo de promover uma agenda, mas sim baseada em minhas crenças e na minha compreensão da lei”, continuou ele.
O caso era considerado o mais provável a ter um desfecho negativo para Trump, já que se tratavam de acusações estaduais, não federais passíveis de perdão presidencial. Os outros processos federais, movidos pelo procurador especial Jack Smith, sobre tentativas de interferência eleitoral que culminaram na invasão ao Capitólio dos EUA, em 6 de janeiro de 2021, e sobre o manuseio indevido de documentos confidenciais foram arquivados anteriormente.