A Justiça do Peru condenou nesta quarta-feira, 26, o ex-presidente Martín Vizcarra — que governou o país de 2018 a 2020 — a 14 anos de prisão por corrupção em contratos públicos firmados quando era governador regional de Moquegua, entre 2011 e 2014. Segundo o Quarto Tribunal Penal Nacional Colegiado, Vizcarra solicitou 2,3 milhões de sois peruanos (cerca de 3,6 milhões de reais) em subornos para favorecer empresas na concessão de obras públicas.
Durante o julgamento, iniciado em outubro passado, o ex-presidente negou todas as acusações e classificou o caso como perseguição política. Vizcarra chegou ao poder em 2018 após a renúncia de Pedro Pablo Kuczynski, presidente entre 2016 e 2018, que deixou o cargo envolvido em denúncias de corrupção. Em 2020, Vizcarra foi destituído pelo Congresso, também sob suspeitas de irregularidades. Em 2021, mesmo afastado, tornou-se o candidato mais votado para o Parlamento, mas foi impedido de assumir por decisão dos próprios congressistas, que o inabilitaram por dez anos devido à dissolução do Legislativo em 2019.
A sentença determina o cumprimento imediato da pena, já que o ex-chefe de Estado não atende aos requisitos legais para a suspensão condicional. Além da prisão, Vizcarra está proibido de ocupar cargos públicos por nove anos. Seu irmão mais velho, Mario Vizcarra anunciou, entretanto, que pretende disputar as eleições presidenciais de 2026 pelo partido Peru Primeiro.
Enquanto a sentença estava sendo lida, o ex-presidente escreveu no X: “Fui condenado por me opor ao pacto da máfia. Isso não é justiça, é vingança. Mas eles não vão me quebrar. A resposta está nas urnas. Meu irmão Mario Vizcarra continuará essa luta por vocês. O Peru vem em primeiro lugar, e ninguém conseguirá silenciá-lo”, declarou.
As autoridades determinarão nas próximas horas em qual presídio o ex-presidente ficará detido. A expectativa é que seja em Barbadillo.
A condenação amplia a lista de ex-líderes peruanos envolvidos em escândalos. Alejandro Toledo, presidente de 2001 a 2006, cumpre pena por corrupção relacionada à Odebrecht; Ollanta Humala, que governou de 2011 a 2016, também responde por lavagem de dinheiro e financiamento ilegal de campanha; e Pedro Castillo, presidente entre 2021 e 2022, permanece preso sob acusação de rebelião após tentar fechar o Congresso. Desde 2018, o Peru já teve seis presidentes, entre renúncias, impeachments, prisões e crises institucionais que alimentam a mais longa instabilidade política da história recente do país.