Com a proximidade da Black Friday, nesta sexta-feira, 28, as promoções estão em todos os lugares, mas muitos anúncios podem ser falsos. Segundo dados da Serasa Experian, 32,4 mil tentativas de fraude foram interceptadas em 2024, com prejuízo estimado de R$ 51,8 milhões. Já o Reclame AQUI registrou mais de 14 mil reclamações por golpes no ano passado e neste ano alerta para o avanço do chamado “Golpe 3.0”, em que criminosos usam Inteligência Artificial para criar anúncios falsos, deepfakes e mensagens hiper-realistas. Segundo levantamento, esse tipo de fraude é o maior pesadelo da Black Friday neste ano.
Para o especialista Diogo Olher, cofundador e VP de marketing e negócios digitais da Social Digital Commerce, o principal ponto de atenção não está apenas na tecnologia usada pelos criminosos, mas no comportamento do consumidor. Ele afirma que há uma porta de entrada comum para a maioria das fraudes.
“O que mais leva alguém a cair em golpe é a combinação de pressa com excesso de confiança. Quando a pessoa está muito focada em aproveitar uma oferta ‘única’, normalmente deixa de observar detalhes básicos que indicariam que algo está errado. A fraude nasceu para explorar justamente essa desatenção”, diz.
Segundo Olher, um erro recorrente é acreditar automaticamente no que chega pelo celular, seja anúncio, mensagem ou link. “Hoje tudo é muito convincente, layout, linguagem, fotos, e isso cria uma sensação falsa de segurança. O consumidor acaba clicando sem checar histórico de preço, reputação de vendedor, política de devolução ou até mesmo o endereço real do site.”
Ele também chama atenção para um comportamento comum nas vítimas que o de ignorar o próprio instinto. “A pessoa geralmente percebe um ‘sinal de alerta’, mas ignora. É aquela sensação de que há algo estranho, mas, por impulso, segue com a compra. Os golpistas contam com esse comportamento.”
As fraudes estão mais sofisticadas. “A IA deu aos criminosos uma capacidade de criação que antes exigia conhecimento técnico e muito tempo. Hoje é possível montar páginas falsas extremamente realistas, criar chats que simulam um atendente humano, personalizar mensagens com base no perfil da vítima e até gerar deepfakes de voz e imagem com poucos segundos de gravação”, afirma Olher.
As empresas obviamente já usam IA no sentido oposto: prever risco, identificar padrões suspeitos e bloquear a operação antes que o golpe se concretize e a capacidade de oferecer mais segurança é um diferencial competitivo relevante nesse cenário. “A disputa agora é tecnológica: quem protege melhor o consumidor e quem evolui mais rápido para evitar que o criminoso se antecipe.”
O que fazer ao descobrir que caiu em golpe na Black Friday
A principal orientação é agir imediatamente. “O mais importante é reagir rápido. Quanto menos tempo se passa, maiores são as chances de reverter ou minimizar o prejuízo”, diz.
O primeiro passo, segundo ele, é tentar barrar o pagamento. No Pix, acionar o banco e solicitar o MED (Mecanismo Especial de Devolução). No cartão, contestar a compra e pedir estorno.
Ele recomenda guardar todos os prints e comprovantes para auxiliar bancos, polícia e plataformas. “Se a fraude aconteceu fora da plataforma, ainda assim vale registrar boletim de ocorrência e procurar o banco. O MED, que há alguns anos era pouco efetivo, hoje funciona bem melhor.”