Bruna Caroline Ferreira, ex-cunhada e mãe do sobrinho da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, foi detida por agentes do ICE, a polícia de imigração dos Estados Unidos, informou a mídia americana nesta quarta-feira, 26. Ela foi capturada em uma operação na cidade onde morava, Revere, em Massachusetts, e em seguida levada para um centro de detenção na Louisiana, de acordo com a rádio WBUR de Boston, que primeiro noticiou o caso.
Bruna, 33 anos, imigrou com sua família do Brasil para os Estados Unidos quando criança. Ela teve um relacionamento com o irmão da porta-voz da Casa Branca, Michael Leavitt, 35 anos. Juntos, tiveram um filho, Michael Leavitt Jr., de 11 anos.
A brasileira estava saindo de casa para buscar o filho na escola em New Hampshire quando seu carro foi “repentinamente cercado” por agentes do ICE, segundo o jornal local Boston Globe. A irmã de Ferreira, Graziela dos Santos Rodrigues, disse ao veículo que os agentes exigiram seu nome e carteira de motorista, mas Bruna estava sem documento de identidade.
“Eles não foram nada gentis. Tenho certeza de que minha irmã estava apavorada, desesperada. Ela mora aqui desde os seis anos de idade. Ela é mais americana do que qualquer outra coisa”, disse Graziela ao Globe.
O jornal também ouviu um funcionário da Casa Branca, que confirmou que Bruna era mãe do sobrinho de Leavitt, mas afirmou que as duas mulheres “não se falam há muitos anos”. De acordo com a fonte, que pediu anonimato, a criança mora em tempo integral em New Hampshire com o pai desde que nasceu.
“Imigrante ilegal brasileira”
Em nota, o Departamento de Segurança Interna confirmou a detenção e classificou Bruna como uma “imigrante ilegal brasileira”, que teria entrado no país com um visto de turista B2 com validade até 6 de junho de 1999, e “já havia sido presa por agressão”. “Sob o governo do presidente Donald Trump e da secretária (de Segurança Interna) Kristi Noem, todos os indivíduos que se encontram ilegalmente nos Estados Unidos estão sujeitos à deportação”, acrescentou o comunicado.
Tricia McLaughlin, porta-voz do Departamento de Segurança Interna, também disse à rádio WBUR que Bruna tinha uma “antecedente de prisão por agressão”, sem apresentar evidências.
De acordo com seu advogado e familiares, a brasileira residia legalmente nos Estados Unidos por meio do programa Ação Diferida para Chegadas na Infância (DACA), criado no governo do então presidente Barack Obama para conceder proteção temporária contra deportações a indivíduos que entraram no país quando crianças. De acordo com uma investigação da agência de notícias The Associated Press, há muitos beneficiários do DACA entre os detidos em batidas do ICE, mesmo que as tentativas de Trump para encerrar o programa tenham sido bloqueadas pela Suprema Corte.
Em uma declaração recente à Associated Press, McLaughlin afirmou que o programa da era Obama “não protege automaticamente contra deportações e que “o DACA não confere qualquer tipo de status legal neste país”.
O advogado de Bruna, Todd Pomerleau, disse à emissora americana CNN que sua cliente foi presa em 12 de novembro e está atualmente em meio a um “processo legal de imigração” para obter a cidadania americana.
Relação com a Casa Branca
Leavitt, 28 anos, natural de New Hampshire, ganhou fama desde que assumiu o posto de porta-voz de Trump. Ela começou a carreira como estagiária na emissora Fox News em 2016, antes de trabalhar no Departamento de Comunicação durante o primeiro mandato do republicano, entre 2017 e 2020. Quando ele retornou ao poder, Leavitt fez história ao tornar-se a mais jovem secretária de imprensa da Casa Branca.
Sabe-se menos sobre seu irmão, Michael, exceto pelo fato de que ele ganhou US$ 1 milhão em um concurso de esportes de fantasia da DraftKings em 2014, de acordo com o jornal The North Andover Eagle Tribune. Na época, segundo a publicação, ele e Bruna estavam noivos e o filho deles tinha oito meses de idade.
Em uma declaração à rádio WBUR de Boston, Michael disse: “Minha única preocupação sempre foi a segurança, o bem-estar e a privacidade do meu filho.”
A irmã de Bruna, Graziela, criou uma vaquinha virtual no GoFundMe para ajudar com os custos legais para contestar as acusações do ICE e permitir que sua irmã permaneça nos Estados Unidos. “Ela cumpriu todos os requisitos e sempre se esforçou para fazer a coisa certa”, diz a página, que já arrecadou mais de US$ 16.000.
“Ela é trabalhadora, gentil e sempre a primeira a oferecer ajuda quando alguém precisa”, escreveu Graziela. “Bruna tem um coração que coloca os outros em primeiro lugar.”