A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a vacina contra a dengue do Instituto Butantan, a Butantan-DV, imunizante em dose única com indicação para a população entre 2 e 59 anos. Um evento com informações sobre a aprovação e detalhamento sobre a distribuição das doses para o Programa Nacional de Imunizações (PNI) será realizado nesta quarta-feira, 26, com a presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e o diretor-presidente da Anvisa, Leandro Safatle, além da diretoria do instituto.
A vacina contra a dengue do Butantan é composta pelos quatro sorotipos do vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. A produção do imunizante é resultado de parceria entre o Ministério da Saúde, o Instituto Butantan e o laboratório chinês Wu Xi.
O instituto prevê fazer a entrega de 1 milhão de doses da Butantan-DV já neste ano e outras 100 milhões estarão disponíveis para o Ministério da Saúde nos anos de 2026 e 2027.
Até o momento, o Brasil registrou 1.636.599 casos da doença causada pelo mosquito Aedes aegypti e 1.730 mortes. Há 259 óbitos em investigação. No ano passado, o país bateu o recorde da série histórica iniciada no ano 2000, somando 6.563.561 registros e 6.321 mortes, de acordo com balanço do Ministério da Saúde.
Atualmente, o único imunizante disponível no Sistema Único de Saúde é a Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, voltada só para a população de 10 a 14 anos.
Vacina contra dengue do Butantan
O imunizante contra a dengue em teste no Instituto Butantan é fruto de uma parceria com os Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que compartilhou as quatro cepas virais do imunizante e conduziu a fase 1 dos testes com humanos entre 2010 e 2012. A fase 2 ocorreu no Brasil entre 2013 e 2015. Há oito anos, o Butantan coordena os testes de fase 3 com 16.235 participantes que serão avaliados pelo instituto até que todos completem cinco anos de acompanhamento desde a entrada no ensaio.
O imunizante é feito com os quatro sorotipos do vírus (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4) em sua forma atenuada. Dessa forma, estimula a produção de anticorpos pelo indivíduo sem causar a doença. Ele está em testes com uma população de 2 a 59 anos formada por pessoas que já foram infectadas e também que ainda não tiveram contato com o vírus.
Em testes de fase 3, a Butantan-DV demonstrou 79,6% de eficácia geral para prevenir episódios de dengue sintomática, resultado que foi publicado no periódico científico The New England Journal of Medicine. Outro ensaio, também de fase 3 e publicado na revista The Lancet Infectious Diseases, apontou que a vacina tem capacidade de proteção de 89% contra episódios graves e com sinais de alarme da doença, além de eficácia e segurança contra o vírus por um período de cinco anos.
Uma versão quadrivalente da vacina contra a dengue seria importante para conquistar altas coberturas vacinais, tendo em vista que a adesão pode diminuir quando mais doses são necessárias para garantir a proteção. Além disso, estar protegido contra um sorotipo não impede a pessoa de ser infectada com outro e uma nova infecção tende a ser mais grave.