O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) registrou inflação de 0,20% em novembro, segundo divulgação desta quarta-feira (26). O resultado ficou 0,02 ponto percentual acima do observado em outubro, mantendo o ritmo moderado, mas ainda sob influência de pressões pontuais de serviços.
O grupo Despesas pessoais foi o principal responsável pela alta do mês, com avanço de 0,85% e contribuição de 0,09 ponto percentual para o índice geral. Dentro dele, destacaram-se as fortes elevações em hospedagem, que subiu 4,18% (impacto de 0,03 p.p.), e em pacotes turísticos, com alta de 3,90% (0,02 p.p.). O comportamento reflete uma demanda aquecida por serviços ligados ao turismo, característica marcante do período.
No recorte por regiões, Belém apresentou a maior variação do IPCA-15, com alta de 0,67%, impulsionada por saltos atípicos em hospedagem (155,24%) e em passagens aéreas (25,32%), evidenciando forte pressão do setor de serviços. Já Belo Horizonte registrou a menor variação (-0,05%), influenciada por quedas relevantes na gasolina (-3,13%) e em frutas (-5,39%).
A dinâmica de preços em Belém reflete um mês fora da curva. A capital paraense sediou a COP30, recebendo delegações de quase 200 países e movimento intenso nos espaços da cidade. A conferência, uma das maiores já realizadas pela ONU, trouxe a Amazônia ao centro das discussões climáticas globais e registrou recorde de participação indígena, fatores que ampliaram a demanda local e pressionaram o setor de hospedagem e transporte aéreo.
Como o IPCA-15 impacta na Selic?
O comportamento do IPCA é determinante para as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom), já que a taxa Selic é o principal instrumento do Banco Central para conter a inflação. Quando o índice mostra aceleração ou pressões persistentes, especialmente em serviços, que tendem a reagir de forma mais lenta à política monetária, o BC adota uma postura mais conservadora. Nesse cenário, a instituição pode adiar cortes, manter a Selic elevada por mais tempo ou até reforçar o discurso de cautela, considerando que a economia ainda não oferece condições seguras para flexibilização.
Por outro lado, quando os dados apontam desaceleração consistente, com alívio nos núcleos de inflação e recuo em itens voláteis, o ambiente fica mais favorável a uma redução gradual dos juros. Índices mais benignos sugerem que as expectativas estão ancoradas e que a política monetária está surtindo efeito, o que permite ao Copom avaliar espaços para cortes sem comprometer o controle da inflação. Para Sara Paixão, Analista de Macroeconomia da InvestSmart XP, o IPCA-15 de hoje reforça que o Banco Central ainda deve adotar uma postura mais dura na reunião de dezembro. “Isso abre um espaço para início de corte de juros apenas em 2026. Podemos ver ao longo do dia alguma abertura na curva de juros, porém sem alterar a dinâmica de médio prazo”, pontua.