A determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que o ex-presidente Jair Bolsonaro comece a cumprir a pena de prisão de 27 anos e três meses na Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília, nesta terça-feira, 25, repercutiu na imprensa internacional. Em setembro, Bolsonaro foi condenado pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
A agência de notícias Reuters explicou que “o Supremo Tribunal Federal encerrou formalmente o caso de conspiração golpista contra Bolsonaro, decidindo que todos os recursos foram esgotados e a condenação tornou-se definitiva” e relembrou que “Bolsonaro passou mais de 100 dias em prisão domiciliar em Brasília, em outro caso relacionado a alegações de que teria pedido ao presidente dos EUA, Donald Trump, que interrompesse o processo contra ele”.

O jornal britânico The Guardian afirmou que o ex-presidente cumprirá a pena “em um quarto de 12 metros quadrados em uma base policial na capital, Brasília, após ser condenado por conspiração para um golpe de Estado” e que “a prisão de Bolsonaro gerou júbilo entre os brasileiros progressistas que lembram seus quatro anos de governo como um período calamitoso de devastação ambiental, isolamento internacional e hostilidade às minorias”.
“Centenas de milhares de brasileiros morreram durante o surto de Covid-19, que Bolsonaro foi acusado de ter gerenciado de forma catastrófica com sua postura anticientífica”, acrescentou a matéria.
O jornal americano The New York Times indicou que “analistas acreditam que Bolsonaro permanecerá na prisão por um curto período antes que o Supremo Tribunal Federal permita que ele cumpra o restante de sua pena em prisão domiciliar, embora ainda não esteja claro por quanto tempo ele poderá passar atrás das grades”. O texto também apontou que não é a primeira vez que um antigo líder é preso no Brasil, citando os casos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-presidente Fernando Collor.

Já o jornal argentino Clarín disse que “a decisão foi anunciada quatro dias depois de Bolsonaro, que estava em prisão domiciliar por violar diversas medidas cautelares, ter sido transferido para instalações da Polícia Federal após tentar danificar uma tornozeleira eletrônica que controlava seus movimentos”. O jornal espanhol El País optou por destacar que “o momento tão aguardado por ativistas de esquerda brasileiros e familiares de vítimas do coronavírus chegou”.
“O ex-presidente brasileiro Jair Messias Bolsonaro, de 70 anos, está agora tecnicamente preso. Nesta terça-feira, o político de extrema-direita começou a cumprir sua pena de 27 anos por tentativa de golpe de Estado, mas sem sair um centímetro da cela onde está detido em Brasília”, afirmou a reportagem, acrescentando mais tarde: “A figura proeminente da direita brasileira está, portanto, confinada em condições semelhantes às impostas ao atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2018, evitando ser transferida para um presídio de segurança máxima ou uma instalação militar.”

A emissora alemã Deutsche Welle (DW) informou que “Bolsonaro não terá contato com os poucos outros detentos na sede da polícia” e qque “seu quarto de 12 metros quadrados possui cama, banheiro privativo, ar-condicionado, televisão e escrivaninha, segundo a polícia”. O jornal francês Le Monde, por sua vez, concluiu que “o ex-capitão do Exército, que mobilizou os conservadores brasileiros para se tornar presidente em 2019 e remodelou a política do país, agora terá que cumprir uma longa pena de prisão”.