As vendas no varejo dos Estados Unidos avançaram 0,20% em setembro, segundo dados divulgados pelo Census Bureau do Departamento de Comércio. Embora o resultado indique continuidade do crescimento, ele veio abaixo do que analistas esperavam, marcando uma desaceleração após meses de desempenho mais forte no setor.
De acordo com projeções compiladas pela Reuters, economistas estimavam uma alta próxima de 0,4% para o mês. A publicação dos números, que estava prevista para meados de outubro, acabou adiada por conta do shutdown de 43 dias em parte do governo americano, o que atrasou a liberação de indicadores econômicos. Nos meses anteriores, o comércio varejista vinha operando em ritmo mais acelerado, em grande parte porque consumidores correram para antecipar a compra de veículos elétricos antes do fim dos créditos fiscais, que deixaram de valer no final de setembro. Com o esgotamento desse estímulo, o movimento mais fraco observado em setembro é visto por analistas como uma normalização, e não necessariamente como um sinal de perda estrutural de dinamismo.
Apesar da moderação, especialistas acreditam que o dado não deve alterar a leitura de que os gastos das famílias americanas ganharam força no terceiro trimestre. O núcleo das vendas do varejo, indicador que exclui automóveis, combustíveis, materiais de construção e serviços de alimentação, registrou queda de 0,1% em setembro, após uma alta revisada de 0,6% em agosto (inicialmente estimada em 0,7%). Esse componente é acompanhado de perto porque funciona como uma aproximação mais fiel da variável de consumo nas contas do PIB, servindo como termômetro da tração real da economia.
O Departamento de Comércio dos Estados Unidos divulgará a estimativa preliminar do PIB do terceiro trimestre em 23 de dezembro. A expectativa é elevada, especialmente depois de a economia ter crescido a um ritmo anualizado de 3,8% no segundo trimestre, resultado impulsionado principalmente por um déficit comercial menor, reflexo de exportações mais fortes e importações em recuo, que acabaram elevando a contribuição do setor externo para o crescimento.
Economistas avaliam que a combinação entre o comportamento do consumo, a evolução do mercado de trabalho e o desempenho do comércio exterior será determinante para saber se essa trajetória de expansão poderá se sustentar até o fim do ano. A percepção geral é de que a economia americana continua resiliente, mas começa a mostrar sinais pontuais de arrefecimento, especialmente no varejo, onde a ausência dos incentivos fiscais ao setor automotivo tende a tornar os próximos meses mais moderados.