O governo do Talibã no Afeganistão acusou nesta terça-feira, 25, o Paquistão de promover bombardeios que resultaram na morte de 10 pessoas no país, incluindo nove crianças. O episódio teria ocorrido na província de Khost, que faz fronteira com a nação vizinha, um dia após um atentado com homem-bomba contra a cidade paquistanesa de Peshawar.
“As forças invasoras do Paquistão bombardearam a casa de um habitante local, um civil. Como resultado, nove crianças (cinco meninos e quatro meninas) e uma mulher foram martirizadas em Khost”, declarou o porta-voz Zabihullah Mujahid em uma publicação na rede X. Segundo ele, ataques também foram direcionados às províncias de Kunar e Paktika, deixando outras quatro pessoas feridas.
Islamabad não fez comentários sobre a suposta operação militar, que veio após um atentado resultar na morte de três oficiais da Força Policial Federal do Paquistão na segunda-feira 24. Na ocasião, um trio de homens-bomba invadiu o quartel-general da corporação em Peshawar, disparando suas armas. Uma vez no interior do complexo, detonaram os explosivos.
Até o momento, nenhum grupo reivindicou a autoria do ataque. No entanto, a emissora estatal paquistanesa PTV informou que os homens-bomba eram cidadãos afegãos, e o presidente do país, Asif Zardari, atribuiu a responsabilidade ao Talibã paquistanês, Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP). Segundo Zardari, o grupo é “apoiado por estrangeiros”, em uma referência indireta ao Afeganistão.
Caso a responsabilidade seja confirmada, não seria a primeira vez que o Paquistão tem problemas com o TTP. Duas semanas atrás, outro atentado suicida deixou 12 pessoas mortas na capital, Islamabad. O episódio foi reivindicado pelo Talibã paquistanês, que afirmou que seu alvo eram “juízes e advogados não islâmicos”.
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Histórico problemático
As relações entre Cabul e Islamabad estão tensas desde o retorno do Talibã ao poder, em 2021. O Paquistão acusa o vizinho de abrigar os terroristas responsáveis por ataques, notadamente o TTP. O Afeganistão nega a acusação e rebate que o governo de Zardari não respeita sua soberania e abriga organizações hostis à sua nação.
As hostilidades escalaram em outubro, quando uma série de confrontos fronteiriços resultou na morte de 70 pessoas. Os combates foram encerrados por meio da mediação de Catar e Turquia, mas as negociações de paz não chegaram a um acordo definitivo. O principal impasse foi a exigência por parte de Islamabad de que Cabul reprimisse os combatentes do TTP, algo que o Afeganistão recusou.