A CPMI do INSS cancelou mais uma vez o depoimento do ex-coordenador-geral de Pagamento de Benefícios do INSS e ex-chefe da Divisão de Consignação Jucimar Fonseca da Silva, previsto para esta segunda-feira, uma semana depois de o convocado apresentar um atestado médico e faltar à data originalmente definida para a reunião.
Também haveria, no mesmo dia, o interrogatório do empresário Rodrigo Moares, sócio da Arpar Administração, Participação e Empreendimento. Até o momento, não há explicação da cúpula da CPMI para o cancelamento. Ainda não está marcada nova reunião da comissão.
No sábado à noite, o o presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), publicou nas redes sociais uma longa crítica à prisão preventiva de Jair Bolsonaro (PL), manifestando “solidariedade” ao ex-presidente a sua família.
“É algo que mexe com a confiança das instituições e com o sentimento de justiça do povo”, escreveu o mineiro. “Decisões dessa gravidade precisam estar ancoradas na lei, na proporcionalidade e no respeito às regras. Sem espetáculo. Sem excessos. E sem interpretações elásticas que esticam a lei além do que está escrito. O país já vive um ambiente pesado demais.”
Quando ocupava o cargo na cúpula do INSS, Fonseca, um dos depoentes antes convocado para esta segunda, foi um dos responsáveis por promover o desbloqueio em lote dos descontos associativos em benefícios de segurados, contrariando, segundo integrantes da comissão que pedem sua convocação, parecer da procuradoria especializada da autarquia.
A reativação dos convênios favoreceu entidades investigadas pela Polícia Federal (PF) e pela CPMI. O ex-dirigente do INSS havia sido chamado a depor na semana passada, mas apresentou atestado médico e, embora a Junta Médica do Senado tenha concluído pela possibilidade de seu comparecimento, faltou à oitiva.
A ausência de Fonseca revoltou a cúpula da CPI mista. O relator da investigação parlamentar, deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), disse em reunião do colegiado na semana passada que ali não era a “casa da mãe Joana, para o cidadão escolher o dia” que vai depor. A irritação dá uma prévia do clima que espera Fonseca nesta segunda.
A Arpar, por sua vez, recebeu ao menos 49 milhões de reais do lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, e a Polícia Federal suspeita que a empresa lavava dinheiro desviado de aposentados e pensionistas e viabilizava o pagamento de propina a servidores públicos, segundo o relator da CPMI.
