counter Impasse sobre combustíveis fósseis empurra plenária final da COP30 para sábado – Forsething

Impasse sobre combustíveis fósseis empurra plenária final da COP30 para sábado

A plenária final da COP30, prevista inicialmente para esta sexta-feira (21), foi adiada para as 10h deste sábado (22) após um impasse que atravessou a madrugada e expôs a divisão entre países sobre o futuro dos combustíveis fósseis.

O atraso foi provocado pela reação ao rascunho apresentado pela presidência brasileira da conferência. O documento, que deveria orientar a declaração final, suprime qualquer menção ao abandono progressivo de petróleo, gás e carvão, tema central para mais de 80 países. A retirada provocou forte desgaste político e tornou a negociação mais difícil.

Resistência de petrolíferos trava acordo

A exclusão do termo “phase-out” atendeu à pressão de países produtores, sobretudo membros do Opep+ e aliados. Arábia Saudita, Rússia e parte do bloco árabe rejeitam compromissos explícitos que limitem a expansão de combustíveis fósseis. A estratégia abriu uma crise. Delegações da União Europeia classificaram o texto como “insuficiente” e ameaçaram não respaldar a versão apresentada. Como as decisões da COP exigem consenso, a negativa bloquearia totalmente o acordo.

Cientistas reagiram na mesma direção. Pesquisadores ligados ao IPCC e a centros europeus afirmaram que o rascunho representa um retrocesso e descola o encontro da realidade climática atual. Grupos ambientalistas chamaram o texto de “traição” ao Acordo de Paris.

Disputa por financiamento agrava tensão

Além da transição energética, outto eixo divide países: o financiamento climático. A proposta brasileira prevê triplicar até 2030 os recursos destinados à adaptação, mas não detalha a origem do dinheiro. Nações africanas, algumas com reservas significativas de combustíveis fósseis, afirmam sofrer pressão para aceitar a eliminação dos fósseis sem garantias financeiras claras. Representantes desse grupo denunciaram “chantagem” nas conversas.

Continua após a publicidade

Países desenvolvidos, por sua vez, cobram que o documento final traga metas mensuráveis de redução de emissões. Diplomatas europeus afirmam que não aceitam uma declaração “vazia” ou incapaz de orientar políticas climáticas nacionais.

Cientistas cobram metas mais duras

A comunidade acadêmica pressiona por mais ambição. Em reunião com o presidente Lula, pesquisadores apresentaram cálculos indicando que as emissões de CO₂ de combustíveis fósseis precisam cair pelo menos 5% ao ano a partir de 2026 para manter vivo o limite de 1,5°C. Sem um plano explícito de transição, afirmam, a COP30 corre o risco de encerrar sem relevância climática.

A presidência brasileira tenta negociar uma saída intermediária. André Corrêa do Lago, que coordena as tratativas, afirmou que “não haverá acordo possível se o tema dos fósseis continuar dividindo o plenário”.

Continua após a publicidade

Lula pressiona por “mapa do caminho”

Embora o “roadmap” da transição energética não estivesse originalmente previsto na agenda da COP30, o tema ganhou peso após discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele defendeu repetidamente que o encontro deixe um sinal político claro sobre a saída dos combustíveis fósseis e cobrou engajamento de governos e setores da sociedade civil.

Com o adiamento, negociadores retomam neste sábado um esforço para evitar o fracasso da conferência. Se não houver consenso, Belém corre o risco de encerrar a COP30 sem uma decisão estruturante, resultado considerado politicamente constrangedor para o Brasil, anfitrião e defensor declarado de maior ambição climática.

Publicidade

About admin