A tradicionalíssima Portela terá como enredo no Carnaval de 2026 a história do Príncipe Custódio e a cultura afro-gaúcha. Durante o programa Conversas Cruzadas, a historiadora e professora da UFRGS, Fernanda Oliveira, que fez parte da pesquisa do enredo da azul e branca de Madureira, refletiu sobre o racismo presente em parte da sociedade gaúcha que combateu qualquer possibilidade de investimento do estado, não só do poder público, mas também do setor privado, no carnaval portelense.
“Me parece uma analogia bem importante de ser feita com a posição do governador Eduardo Leite de retirar algo que ele havia falado semana passada em entrevistas, que estava sendo considerado fortemente o aporte financeiro. A gente está falando da mesma questão, um estado que forja sua identidade ainda a partir de uma identidade que é branca e que tem valores vindos da Europa. Não à toa, as regiões com maior dificuldade econômica no estado são as regiões com maior presença negra, como o extremo sul do estado. Isso não é coincidência. Enquanto tem um investimento muito maior na região norte, na serra, que são regiões com forte presença branca. Isso diz muito sobre esses valores e sobre a identidade que o gaúcho ainda quer seguir exportando”.