Com a chegada do fim do ano, a pressão pelo sucesso em exames escolares tem intensificado a ansiedade entre crianças e adolescentes diante das avaliações finais, fechamento de notas e transições escolares.
De acordo com um estudo realizado pelo Instituto Ayrton Senna, em parceria com o Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (CAEd) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), 79% dos alunos consultados em cinco estados brasileiros – um de cada região do país-, apresentam um ou mais sintomas de depressão e ansiedade e 38,9% relataram que tem se sentido bastante ou totalmente esgotados ou sob pressão.
“A sobrecarga de avaliações e a preocupação com desempenho podem afetar profundamente o bem-estar emocional, especialmente quando o aluno associa suas notas ao próprio valor pessoal”, explica a psicóloga Isabela Ramos Modesto, do Centro Pediátrico da Lagoa, no Rio de Janeiro.
O cenário pode desencadear níveis elevados de estresse, principalmente entre estudantes que enfrentam mudanças de ciclo ou preparação para vestibulares. De acordo com ela, este padrão pode reforçar inseguranças e impacta a autoestima, fenômeno também apontado em recomendações do Conselho Federal de Psicologia (CFP) sobre saúde emocional no ambiente escolar.
“Alguns jovens atravessam essa fase com tranquilidade, enquanto outros demonstram sinais de adoecimento emocional. A forma como os responsáveis acolhem e escutam o estudante é decisiva”, diz a especialista.
Para evitar o desgaste, Isabela destaca que as escolas também devem atuar de maneira preventiva e adotar escuta qualificada, atividades reflexivas e espaços de apoio socioemocional. Tais condutas estão alinhadas às orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que reforça a importância de ações de saúde mental no ambiente escolar.
Entre os sinais de alerta para sobrecarga emocional, a especialista cita isolamento, irritabilidade, queda no rendimento, recusa escolar, perda de interesse por atividades prazerosas e dificuldades de convivência, sintomas que, segundo o Ministério da Saúde, podem indicar sofrimento psíquico e merecem atenção imediata. “Nesses casos, buscar acompanhamento psicológico é fundamental”, indica.