Após dias de chuvas torrenciais no Vietnã, que fizeram rios transbordarem e provocaram enchentes generalizadas no centro e no sul do país, a mídia estatal informou nesta sexta-feira, 21, que o desastre deixou pelo menos 41 mortos, enquanto nove pessoas seguem desaparecidas. Além disso, mais de 52 mil casas ficaram submersas e meio milhão de residências e empresas viram o fornecimento de eletricidade interrompido.
Dezenas de milhares de habitantes foram retirados das regiões mais afetadas pelas enchentes. Militares e policiais foram mobilizadas para montar abrigos de emergência e realocar pessoas para locais seguros.


Em diversas áreas, o volume de chuva ultrapassou 1,5 metros nos últimos três dias, chegando a ultrapassar o pico de pluviosidade durante as enchentes de 1993 (5,2 metros) em alguns pontos. As condições climáticas adversas devem persistir pelo menos até domingo, 23, de acordo com as autoridades.
O Vietnã foi palco de fenômenos climáticos extremos nos últimos meses. Dois tufões, Kalmaegi e Bualoi, deixaram um rastro de morte e destruição com poucas semanas de diferença. Entre janeiro e outubro deste ano, desastres naturais causaram prejuízos estimados em US$ 2 bilhões (cerca de R$ 10,75 bilhões), segundo estimativas do governo vietnamita.


Debaixo d’água
As áreas mais afetadas pelas últimas chuvas incluem as cidades litorâneas de Hoi An e Nha Trang, bem como uma importante região produtora de café no planalto central, onde agricultores já sofriam com a perda da colheita devido às tempestades anteriores.
Na província de Dak Lak, a maior região produtora de café do país, foi declarado estado de emergência depois de dezenas de milhares de casas serem inundadas e deslizamentos de terra danificarem importantes avenidas e rodovias, segundo a agência de notícias estatal Tuoi Tre. O Vietnã é um dos maiores exportadores de robusta, o grão de sabor amargo usado no café instantâneo e em algumas misturas de expresso.


Em Da Lat, o trânsito ficou completamente paralisado depois que parte do Passo Mimosa, importante via de acesso à popular cidade turística, desabou. Um ônibus por pouco não caiu no precipício, informou a agência de notícias AFP.
Muitos habitantes ficaram ilhados em telhados. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra uma ponte suspensa na província de Lam Dong sendo arrancada de suas âncoras pela corrente agitada.
Um vídeo que circula pelas redes sociais mostra o momento em que a ponte suspensa de Phu Thien, sobre o rio Da Nhim, foi arrastada pela enchente provocada pelas fortes chuvas que atingiram a província de Lam Dong, no Vietnã, nos últimos dias. Segundo a imprensa internacional, a… pic.twitter.com/fcbW4FddPn
— VEJA (@VEJA) November 20, 2025
Clima extremo
No início de novembro, o tufão Kalmaegi matou pelo menos cinco pessoas no litoral central do Vietnã, arrancando árvores, destruindo telhados e quebrando janelas. Muitos moradores da província de Dak Lak relataram que suas casas desabaram ou foram inundadas.
O mesmo tufão matou 188 pessoas na ilha filipina de Cebu, antes de chegar ao Vietnã.
Dois meses antes, pelo menos 11 pessoas morreram com a passagem do tufão Bualoi pelo centro e o norte vietnamita. O tufão chegou à costa do país com ventos de 117 km/.
Cientistas sustentam que as mudanças climáticas provocadas pela ação humana têm intensificado eventos climáticos extremos, tornando mais fortes e frequentes não só os tufões, mas também chuvas, incêndios e secas.